COTIDIANO
Grécia planeja novo governo após saída de primeiro-ministro
Lucas Papademos, 64 anos, que foi vice-presidente do Banco Central Europeu, aparece como o nome preferido para ocupar o cargo.
Publicado em 08/11/2011 às 8:00
Políticos gregos da situação e da oposição passaram o dia ontem tentando convencer alguém a aceitar o cargo de primeiro-ministro interino do país, após George Papandreou deixar o posto em meio a grave crise econômica.
Lucas Papademos, 64 anos, que foi vice-presidente do Banco Central Europeu, aparecia como o nome preferido. Ele dá aulas nos Estados Unidos e voltou ao país ontem para participar de reuniões.
Segundo fontes ligadas às negociações, um ponto de discórdia é o período dessa interinidade. O partido no poder, Pasok (socialista), e os oposicionistas querem que sejam realizadas eleições em fevereiro.
Papademos teria considerado pouco tempo para implantar um plano para recuperar o país, em recessão há três anos e com dívidas consideradas impagáveis.
Outro ponto em discussão é quem fará parte desse novo governo. É dado como certo que ao menos Evangelos Venizelos, ministro das Finanças, ficará no posto.
A Nova Democracia, principal partido da oposição, defende ainda que o governo tenha um perfil muito mais técnico, incluindo especialistas, e que não pretende indicar nenhum de seus membros para ocupar cargos de ministros de gabinete.
A Nova Democracia vinha sistematicamente se opondo às medidas de austeridades exigidas pela "troika", mas em vista das pressões europeias resolveu ceder. Samaras firmou um acordo anteontem com o premiê George Papandreou, que renunciou para dar lugar a um novo governo.
ITÁLIA
Os ministros das Finanças da Eurozona decidiram hoje pressionar ainda mais a Grécia para que as medidas de austeridade sejam cumpridas pelo país, e reforçaram as propostas para evitar que a Itália seja a próxima a quebrar.
O objetivo é dizer a Atenas que o país não receberá nada caso não sejam cumpridos os planos de ajuste. O medo maior é o risco de a crise atingir a Itália, já enfraquecida pela falta de credibilidade dos investidores sobre os planos do governo do premiê Silvio Berlusconi para reduzir o deficit e a dívida de 1,9 trilhão de euros.
Os líderes europeus cobram da Grécia uma definição clara para que o país continue na Eurozona. Os principais partidos políticos gregos chegaram a um acordo para formar um governo de coalizão sem o atual premiê, George Papandreou. Ficou decidido, também, adiantar as eleições para o dia 19 de fevereiro.
EMPRÉSTIMO
A Grécia pretende negociar o pagamento de 80 bilhões de euros até o final de fevereiro.
O plano para salvar o país da crise prevê empréstimos de até 100 bilhões de euros até 2020. Em troca, o Parlamento precisa ratificar o acordo antes de 2012, o que exigirá novos sacrifícios para a população. A dívida pública grega é de 350 bilhões de euros, o equivalente a 165% do seu PIB. A Eurozona e outros credores, como o FMI, desejavam aprovar imediatamente os 8 bilhões de euros relativos ao último lote do primeiro plano de resgate, acordado em 2010. Sem este empréstimo imediato, a Grécia permanecerá sem receber ajuda até meados de dezembro.
FMI
Além dos temores sobre a Grécia, rumores sobre a renúncia de Berlusconi também causaram insegurança nos mercados ontem.
A Comissão Europeia já confirmou que enviará à Itália uma missão para vigiar a implementação das reformas draconianas.
"O problema da Itália é a falta de credibilidade das medidas anunciadas pelo governo para reduzir o déficit", declarou a diretora do FMI, Christine Lagarde.
As taxas de juros sobre os títulos de longo prazo italianos subiram 6,5%, um novo recorde.
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