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CULTURA

Gastronomia: 'As mãos dela e as minhas' e a naturalidade das unhas limpas

'Talvez por isso eu não me importe de manter as unhas aparadas', diz Maria Lívia Cunha.

Publicado em 25/01/2019 às 7:00 | Atualizado em 25/01/2019 às 15:58


                                        
                                            Gastronomia: 'As mãos dela e as minhas' e a naturalidade das unhas limpas

Outro dia, na aula prática de Cozinha Clássica, eu estava com metade do esmalte nas minhas unhas ainda crescidas. Calhou de ser justamente o dia da professora mais papel de embrulhar prego. Imagina meu estômago, quando ela soltou um "que unha é essa?" - fiquem sabendo que não pode esmalte nem unha grande na cozinha. Eu encolhi os dedos e fiz cara de quem o cachorro comeu a tarefa.  Mas, embora o fato fosse um fato, a injustiça era grande. Vou explicar o porquê.Minha mãe era médica. E um dos seus gestos mais simples era quando ela passava o indicador no polegar alertando a si própria que sua unha, um pouco maiorzinha, estava incomodando. Primeiro, ela arranhava a ponta da unha do "fura-bolos" no dedão e depois fazia um círculo, seguida de uma cara de quem tinha que cortar as unhas. Aí, em poucos minutos, eu via mainha com uma tesourinha e uma serra de unha. Ela as mantinha sempre aparadas, limpas e sem esmalte.

Eu não entendia que era por conta das Boas Práticas, mas sabia que era algo muito normal para ela. As mãos de mainha eram simplesmente lindas. Cada veia, cada poro. E sempre pareciam que tinham acabado de sair de uma luva cirúrgica. As pontas dos dedos eram redondas, os dedos uniformes e médios - nem curto, nem longo - e a base parecida com a minha. Eu sempre admirava.

Um dia, no ônibus, vi uma pessoa com a mão parecida com a dela. Eu quase chorei. Anos antes, no hospital, levei a tesoura e a serrinha, entreguei pra ela e disse: olha, vi que a senhora tava com a unha grande. Ela sorriu, agradeceu. E eu nem lembro se cortou as unhas naquele dia. Talvez por isso eu não me importe de manter as unhas aparadas para a cozinha... a lembrança das mãos dela vem sempre que olho para as minhas.

* Maria Lívia Cunha é jornalista, bancária, empresária, pós-graduada em Administração e estudante de Gastronomia e compartilha suas experiências na cozinha nas sextas-feiras de janeiro no Jornal da Paraíba

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Aline Oliveira

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