VIDA URBANA
Mulher é minoria no volante na Paraíba
Proporcionalmente, há mais chances dos homens se envolverem em um acidente, já que elas são mais cuidadosas que eles.
Publicado em 01/04/2012 às 16:40
Tornou-se senso comum afirmar que as mulheres não são boas no volante. Mas, seria isso excesso de cuidado? Coincidência pelo aumento do número de carros nas cidades, ou desatenção pelo estresse que a ação de dirigir causa? O certo é que no último ano, segundo dados do Departamento Estadual de Trânsito da Paraíba (Detran), o Estado tinha 669.477 condutores habilitados para dirigirem algum tipo de veículo, seja ele carro, motocicleta ou caminhão.
Desses, 75,6% são homens, enquanto que 24,4% são mulheres. O que demonstra que para cada motorista de saia, existe três que usam calças, o que proporcionalmente aumenta as chances dos “pilotos” do sexo masculino se envolverem em acidentes em comparação às mulheres que, muitas vezes, acabam levando a culpa por atrapalhar o trânsito, onde não é maioria.
Segundo a psicóloga, Halyne Danyelle Salgado, o trânsito não pode ser encarado simplesmente como um problema técnico, mas deve ser visto como uma questão social, já que se faz necessário analisar a forma e quais os interesses e necessidades das pessoas. “O ato de dirigir é complexo, envolve diversas habilidades e atitudes que requerem do motorista um bom nível de maturidade emocional e capacidade intelectual. Por isso que o teste de avaliação psicológica tem por finalidade contribuir para promover a segurança dos motoristas”, explicou se referindo a uma das etapas obrigatórias para se retirar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH).
Contudo, a especialista aponta que não há uma explicação teórica ou técnica que confirme a história que “homens dirigem melhor que mulheres”. “Isso não é verdade. Como a sociedade é machista, criam-se esses paradigmas. Se há mais homens dirigindo por aí, certamente eles irão se envolver em mais acidentes do que as mulheres. Nessa questão não irá chegar a uma resposta técnica, já que é um dado estatístico”, acrescentou.
Quem reforça a afirmação da psicóloga é o departamento de estatística do Batalhão de Trânsito da Paraíba (BPTran) de João Pessoa. Segundo o tenente-coronel Paulo Sérgio, comandante da corporação, dos 1.909 acidentes registrados com vítima em 2011, 1.631 envolveram homens, o que corresponde a 85,4% das ocorrências. “O total de ocorrências registradas foi de 6.069, mas com qualquer tipo de vítima esse número caiu para 1.909. Com mulheres foram apenas 278 vítimas, o que podemos considerar um baixo número levando em consideração o percentual de condutores e condutoras”, explicou.
Já em Campina Grande, não há um estudo estatístico que separe as ocorrências por gênero. Por isso que o major Jorge, comandante da CPTran do município, preferiu destacar o alto número de ocorrências em 2011. “Ainda não temos um estudo que aponte a separação por sexo, mas em 2011 nós tivemos um total de 1.243 boletins de atendimento, o que para nós ainda é considerado alto, mesmo com grande quantidade de veículos que circulam diariamente em Campina Grande”, acrescentou.
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