Covid-19: Mais de 120 médicos da PB assinam manifesto contra uso de cloroquina

Um grupo de 120 médicos com registro no Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB), e atuação em diversos estados do Brasil, subscreveram um manifesto contra o uso de medicamentos sem evidências científicas consistentes para o tratamento da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, como a hidroxicloroquina e a cloroquina. O grupo, que atua profissionalmente em várias estados, tenta ampliar o número de assinaturas para endossar a campanha.

O movimento ganhou força após a Associação de Medicina Intensiva Brasileira, a Sociedade Brasileira de Infectologia, a Sociedade Brasileira de Imunologia e a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia se manifestarem sobre o assunto e publicaram documento desaconselhando a utilização de remédios como hidroxicloroquina e a cloroquina.

Os dois fármacos mencionados são receitados usualmente para o tratamento de malária. Os remédios entraram em pauta nos últimos meses após a adoção de ambos, por parte do Ministério da Saúde, como alternativas para casos de Covid-19, fazendo parte, inclusive, de protocolo oficial da pasta.

Os médicos partem do conceito de que primeiro não devem prejudicar o paciente, no caso em tela expondo-o ao uso da cloroquina, uma vez que diversos estudos já demonstraram que além de não beneficiar, pode desencadear efeitos deletérios, como o surgimento de arritmias e retinopatia.

Todos os profissionais que subscreveram o manifesto refutam o viés político que contorna a discussão sobre a medicação e seguem as condutas baseadas em evidências dos últimos estudos.

Como agem

O Ministério das Relações Exteriores informou que o governo dos Estados Unidos entregou ao Brasil 2 milhões de doses de hidroxicloroquina para ser usada como profilático para ajudar a defender enfermeiros, médicos e profissionais de saúde do Brasil contra o vírus. Ela também será utilizada no tratamento de brasileiros infectados.

Apesar de ser defendida pelos presidentes Bolsonaro e Trump como um possível tratamento para Covid-19, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), ainda não há evidências científicas que comprovem o benefício da cloroquina, e seu derivado hidroxicloroquina, contra a doença causada pelo novo coronavírus.

A Secretaria de Saúde do Estado da Paraíba (SES-PB) excluiu dos protocolos médicos de enfrentamento à Covid-19 o uso da Cloroquina e da Hidroxicloroquina. A decisão foi tomada após as últimas pesquisas científicas publicadas apontarem a ineficiência da droga para o tratamento dos efeitos do novo Coronavírus. As duas medicações, recomendadas pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), eram utilizadas na Paraíba para o tratamento de quadros mais graves da doença.

Mas se foram retiradas dos protocolos da Saúde estadual, os medicamentos permanecem em uso na Secretaria de Saúde de Campina Grande. O protocolo da cidade é similar ao adotado pelo governo federal, com o uso autorizado para pacientes em estágio inicial da doença.