VIDA URBANA
Pesquisadores da UFPB criam jogo de tabuleiro para crianças cegas e com baixa visão
Cada peça contém o nome da respectiva forma, tanto em Braille, quanto em caixa alta e em alto-contraste.
Publicado em 27/06/2020 às 7:10 | Atualizado em 27/06/2020 às 10:18
Com o objetivo de explorar habilidades táteis e proporcionar o reconhecimento de formas 2D (em duas dimensões), pesquisadores da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) desenvolveram uma ferramenta lúdica para auxiliar no processo de ensino-aprendizagem de crianças cegas ou com baixa visão.
A tecnologia patenteada pela Agência UFPB de Inovação Tecnológica (Inova) e criada em parceria com o Instituto de Cegos da Paraíba, em João Pessoa, é constituída de um tabuleiro com espaços quadriculados para que o usuário encaixe peças que representam coisas do cotidiano.
Cada peça contém o nome da respectiva forma, tanto em Braille, para crianças cegas, quanto em caixa alta e em alto-contraste, para crianças com baixa visão.
O produto é feito com produtos como madeira, plástico e EVA. Por ser antiderrapante, oferece uma maior aderência no manuseio, impedindo que o brinquedo se mova para frente ou para as laterais.
Para desenvolver o tabuleiro, as pesquisadoras Joele Marques, Catharine Sanches e Maryana Tavares, sob orientação do professor Fábio Borges, do Departamento de Engenharia de Produção, buscaram entender quais são as necessidades e as barreiras encontradas durante o processo de ensino-aprendizagem de pessoas com deficiência visual.
O levantamento apontou uma dificuldade para encontrar brinquedos inclusivos para compra. Até mesmo os educativos não eram completos. Quando identificados, os brinquedos inclusivos apresentaram elevados custos, em comparação a produtos similares e direcionados para pessoas que enxergam normalmente.
O professor Fábio Borges destacou que o dispositivo é ao mesmo tempo, um brinquedo e uma ferramenta, unindo diversão e aprendizagem, o que potencializa o desenvolvimento das crianças.
“Para as crianças com deficiência visual, isso é muito mais gritante, porque elas não têm a interação que nós temos com o mundo. Então, a parte lúdica de perceber que eu estou aprendendo o Braille por meio de uma brincadeira, de um jogo, facilita não só a aprendizagem em si, mas o apego, o querer brincar para aprender”, contou.
Maryana Tavares, uma das pesquisadoras que criou o dispositivo, disse que a ferramenta criada traz o aspecto lúdico à aprendizagem do Braille, com o objetivo de torná-la simples, divertida e possível de ser compartilhada com outras crianças.
O estudo foi realizado considerando dados do Censo Demográfico 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que apontaram que 21,8% da população paraibana possui alguma dificuldade visual, mesmo com auxílio de óculos e lentes de contato, o que equivale a 823 mil pessoas, das quais 142.196 possuem deficiência severa e 8.477 são cegas.
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