VIDA URBANA
Mais de 60% do território fértil da PB sofre com a desertificação
De acordo com o relatório da ONU, o Brasil tem mais de 1 milhão de km² no processo de desertificação, dois quais 180 mil no Semiárido nordestino e mineiro.
Publicado em 22/01/2010 às 10:51
Da Redação
Com Estadão.com
Um estudo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e da Universidade de Campinas (Unicamp) mostrou que na Paraíba 66,6% das terras férteis estão comprometidas pelo processo de desertificação. O clima, o desmatamento, mau uso e degradação do solo, e principalmente, a urbanização em áreas férteis, são alguns dos fatores que contribuem para o empobrecimento dessas áreas.
Este processo não está atingindo só a Paraíba, o Brasil já tem mais de 1 milhão de km² envolvidos no processo, dos quais 180 mil no Semiárido nordestino e mineiro. Ao todo são 1.482 municípios, 15% do território nacional, e 32 milhões de pessoas atingidas pela desertificação.
As áreas mais comprometidas são o Seridó paraibano, Cabrobó (PE), Irauçuba (CE) e Gilbués (PI).
De acordo com a ONU, no mundo 2 bilhões de e pessoas vivem em áreas com terras secas predominantes - 40% da superfície da Terra. Na África a situação também é alarmante, 40% da população, 325 milhões de pessoas, sofrem com a desertificação. No continente o processo evolui mais rapidamente do que qualquer outra parte.
A previsão da Organização é que até 2025 a seca atinja 70% do planeta. Em 10 anos a área aingida cresceu 15%.
No Nordeste
Enquanto a Paraíba possui 66,6% de áreas comprometidas, no Ceará são 79,6%, e no Piauí 70,1%. Boa parte pode ser recuperada com caminhos e métodos adequados, só que dos R$ 49,4 milhões destinados a enfrentar o problema entre 2004 e 2009 apenas 20% foram utilizados
Solução
No Brasil está prevalecendo a visão de que é preciso trabalhar a questão não tentando "combater a seca", e sim adotando um programa de "convivência adequada" com o Semiárido e suas possibilidades.
No campo da água, propriamente, o caminho mais indicado para abastecer as populações que vivem em pequenas comunidades isoladas, onde não chegam nem chegarão adutoras com águas de transposição, é o das cisternas de placas, que recebem a água de chuva canalizada nos telhados e a depositam em reservatórios de paredes cobertas por placas que impedem a infiltração na terra.
Por esse caminho, na estiagem, uma cisterna pode abastecer com 20 litros diários de água cada uma das pessoas na casa. Já se construíram mais de 200 mil cisternas de placas e é preciso chegar a 1 milhão - mas, infelizmente, o grosso dos recursos no Semiárido vai para o programa de transposição de águas do São Francisco, que não as atenderá, já que mais de metade da água transposta irá para programas de irrigação de produtos destinados à exportação e outra grande parte, para reforço do abastecimento de água das cidades que, em média, perdem mais de 40% da que sai das estações de tratamento.
Nas zonas rurais, o caminho está também em barragens subterrâneas e barragens encadeadas, que viabilizem cada vez mais programas como a cultura de caju, do umbu, da cera de carnaúba, de fibras e outras, além da apicultura, piscicultura (em reservatórios já existentes), caprinocultura e outras.
Em março, em Petrolina e Juazeiro, será realizado o Encontro Nacional de Enfrentamento da Desertificação, no qual se pretende construir um "pacto pelo desenvolvimento sustentável do Semiárido".
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