CONVERSA POLÍTICA
MPs mexem no “vespeiro” das contas do Hospital Napoleão Laureano
Publicado em 10/02/2021 às 16:27 | Atualizado em 30/08/2021 às 19:03
Por LAERTE CERQUEIRA
O Hospital Napoleão Laureano faz tanto benefício à Paraíba, que é difícil encontrar alguém para falar mal dele. Isso acontece apenas quando alguém, por desespero, reclama do serviço. O que soa mais como um pedido de ajuda. O hospital é referência no tratamento de câncer se mantém vivo por meio de doações, sejam elas públicas ou privadas. Aliás, o que seria de quem precisa de um tratamento oncológico na PB se não fosse o Laureano?
Difícil contabilizar quantas vidas salvas passaram pelos corredores. Quanta esperança ele trouxe e traz todos os dias. Mas, por melhor que faça, não pode e não deve ser blindado. É por isso que os Ministérios Públicos Federal e Estadual resolveram mexer num “vespeiro”: a movimentação do dinheiro que a unidade recebe para manter o atendimento aos pacientes.
Há algum tempo “chove” reclamações sobre a gestão financeira da unidade. E a dúvida sempre é a mesma: falta dinheiro, os recursos são poucos para a quantidade de pacientes ou o dinheiro está sendo mal administrado? É o que os MPs querem saber e pede uma ação efetiva da Justiça. Numa ação civil pública (que estava em segredo de Justiça), a gestão está sendo acusada, entre outras irregularidades, de fraudes contábeis nos balanços, balancetes e contratos e a omissão intencional de dívidas.
A investigação começou após denúncias de atraso no início dos tratamentos de câncer, cirurgias eletivas, interrupção de serviços, falta de medicamentos. Problemas que podem ter ligação com o desequilíbrio econômico-financeiro da unidade que paga médicos, por exemplo, em um dia certo, mas com salários referentes a meses anteriores. Pelo menos três meses, relata uma fonte.
Por causa dos indícios de problemas, os MPs pedem o afastamento permanente de membros do Conselho Deliberativo, da Diretoria Executiva e do Conselho Fiscal da entidade da Fundação. Uma medida extrema porque quer ver os cofres longes de uma eventual contaminação. Ao todo são mais de 14 pessoas que podem ser destituídas caso o pedido de tutela de urgência seja acatado pela Justiça.
Como tem dinheiro público e a boa-fé de um doador, não custa nada abrir as contas. Mostrar que não tem problemas, corrigir erros e ampliar a margem de transparência.
O que diz o Laureano sobre a ação
Sobre a ação, a Diretoria da Fundação Napoleão Laureano afirma não temer qualquer das acusações feitas, por ter a certeza de que, durante os quase 70 anos de existência, jamais foi praticado qualquer ato ilícito por seus dirigentes. A Fundação foi citada deste processo no final do mês de janeiro do ano em curso, juntando todos os elementos necessários para responder as alegações feitas pelo MP e demonstrar que a ação ajuizada se mostra totalmente despropositada. Segundo nota do Laureano, em 14/12/2020, a Justiça Federal da Paraíba negou medida liminar para afastamento da sua diretoria requerida, no mês de outubro de 2020, pelo Ministério Público.
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