COTIDIANO
Os Paralamas, outra vez um power trio, fazem retrospecto em show vigoroso
Publicado em 17/09/2016 às 6:43 | Atualizado em 31/08/2021 às 7:46
Os Paralamas do Sucesso tocaram nesta sexta-feira à noite no teatro A Pedra do Reino, em João Pessoa.
Estão de volta ao power trio, formato abandonado há três décadas, desde que passaram a subir ao palco acompanhados por outros músicos.
O power trio é uma formação fundamental no rock. Nos anos 1960, em meio aos conjuntos de quatro ou cinco elementos, o conceito se consolidou através daqueles caras que faziam o máximo com o mínimo.
The Jimi Hendrix Experience, o Cream de Eric Clapton. Guitarra, baixo e bateria. Mesmo o Who e o Zeppelin, que eram trios de instrumentistas acrescidos de um cantor, cabem no conceito. E muita coisa mais, quando o assunto é power trio.
Nesse show visto em João Pessoa, os Paralamas voltam ao começo para rever o conjunto da obra. O set list é um retrospecto. Momentos autorais importantes somados a influências e a alguma coisa de amigos & contemporâneos.
A fórmula funciona muitíssimo bem.
É bonito de ver. Bom para contemplar. Ainda mais num teatro, longe do desconforto das casas de show.
O conterrâneo Herbert Vianna, Bi Ribeiro e João Barone formam um grupo longevo. Produzem um som conciso e vigoroso.
Aqui, cada música é um pequeno retrato. Lembra um momento. Óculos na abertura não é uma escolha gratuita. Parece um convite para que o público junte cada retrato e se veja diante de um grande painel.
Nesse painel, há dores individuais em canções que são autorretratos. E dores coletivas em letras fortes que ainda guardam alguma atualidade.
Quando os Paralamas tocam em João Pessoa, Herbert está em casa. Lembra logo da maternidade do Grupamento de Engenharia, onde nasceu. "Na Epitácio", referindo-se à avenida do jeito que nós, pessoenses, falamos. Tios e primos na plateia. Dessa vez, não foi diferente.
Os Paralamas atravessaram o tempo e as adversidades. Estão envelhecendo juntos. Voltam ao formato do início, apenas um trio, mas com o olhar de quem percorreu uma extensa trajetória. É sempre uma alegria revê-los ao vivo.
(A foto é de Maurício Valladares)
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