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COTIDIANO

Michel Temer na TV Cultura e a morte do jornalismo

Publicado em 15/11/2016 às 12:43 | Atualizado em 31/08/2021 às 7:49

O presidente Michel Temer foi o entrevistado desta segunda-feira (14) do Roda Viva da TV Cultura.

Li nas redes sociais que o programa simboliza (ou decreta, ou marca) a morte do jornalismo brasileiro.

Que exagero!


				
					Michel Temer na TV Cultura e a morte do jornalismo

Partamos do pressuposto de que o Roda Viva foi totalmente chapa branca. Nem vou discutir, apenas reconhecer que, sim, foi absolutamente chapa branca!

Alguma novidade? Foi o primeiro do gênero? Só é chapa branca quando nos desagrada? E só decreta a morte do jornalismo quando não atende aos nossos interesses?

Quando o PT estava no governo, Paulo Nogueira fez quantos artigos chapa branca em seu Diário do Centro do Mundo?

Paulo Henrique Amorim não era chapa branca? E o velho Mino Carta?

Mas ninguém testemunhou a morte do nosso jornalismo. Até porque ela não ocorreu.

Alguém apontou a pergunta de Ricardo Noblat sobre como o presidente conheceu Marcela Temer como o momento exato da morte do jornalismo brasileiro.

Uma pergunta, no entanto, que muitos fariam. Jornalistas e não jornalistas. Afinal, o presidente, um homem de 76 anos, é casado com uma mulher com pouco mais de 30. Natural que se queira saber mais sobre a história do casal.

Vejo outras mortes do jornalismo. Não essa.

Vejo no nosso cotidiano, em práticas que não estão longe de nós. Ou em modos de fazer que atentam contra a cidadania e a liberdade de expressão. Vejo quando ligo a televisão, ou o rádio, e lá estão os comunicadores a defender a pena de morte, a tortura, a homofobia, o machismo.

Vejo também quando o Ctrl C/Ctrl V substitui a memória, o conhecimento, a informação, a verdadeira pesquisa.

O advento das redes sociais colocou o jornalismo num caminho cujo percurso é desconhecido. A sensação que muitos têm de que todos são jornalistas - sem o conhecimento das técnicas, sem o domínio da língua, sem as condições de opinar - nos põe, a todos os que se prepararam para o exercício desse ofício, num cenário de rápida desconstrução. E em outro de velocíssima reconstrução.

Por enquanto, na migração para o online, os grandes veículos conservam as velhas formas: a notícia, o editorial, o artigo, a crônica, a entrevista, os títulos, as legendas, as imagens. Mas, até quando?

Haverá mortes pelo caminho! Não na entrevista chapa branca de Temer no Roda Viva!

Imagem

Silvio Osias

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