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SILVIO OSIAS

"Não quero fogo, quero água. Deixa o mato crescer em paz...deixa a onça viva na floresta...deixa o índio vivo"

Publicado em 21/09/2020 às 6:50 | Atualizado em 30/08/2021 às 20:54

Vá embora daqui coisa ruim Some logo Vá embora Em nome de Deus Tom Jobim


				
					"Não quero fogo, quero água. Deixa o mato crescer em paz...deixa a onça viva na floresta...deixa o índio vivo"

O Brasil de Tom Jobim não existe mais.

Foi o que disse Cristina Serra num belo texto publicado na Folha de S. Paulo.

Na verdade, uma carta dirigida a Tom, como se ela pudesse falar com ele.

No fundo, é bom que o músico não esteja mais aqui.

Seria uma tristeza para um homem que defendeu o meio ambiente, cantou para a floresta, os bichos, o índio.

E fez isso antes que essas questões ganhassem dimensão planetária.

Cristina lembra Borzeguim.

É do repertório da fase conclusiva da sua vida e não é das mais mencionadas. Mas tem uma beleza sem fim e uma letra atualíssima.

Melhor dizendo: os versos de Tom contêm um brado que precisa ser ouvido cada vez mais alto.

Borzeguim foi gravada por Gal Costa no seu disco Minha Voz, de 1982.

Deve ser o primeiro registro.

A gravação do autor está no álbum Passarim, de 1987, o penúltimo de sua carreira.

Nesse vídeo, Tom Jobim e a Banda Nova fazem Borzeguim no Festival de Jazz de Montreal.

BORZEGUIM
Letra e música: Antônio Carlos Jobim
É fruta do mato Borzeguim, deixa as fraldas ao vento E vem dançar E vem dançar
Hoje é sexta-feira de manhã Hoje é sexta-feira Deixa o mato crescer em paz Deixa o mato crescer Deixa o mato
Não quero fogo, quero água (Deixa o mato crescer em paz) Não quero fogo, quero água (Deixa o mato crescer)
Hoje é sexta-feira da paixão, sexta-feira santa Todo dia é dia de perdão Todo dia é dia santo Todo santo dia
Ah, e vem João, e vem Maria Todo dia é dia de folia Ah, e vem João, e vem Maria Todo dia é dia
O chão no chão (Deixa o mato crescer em paz) O pé na pedra (Deixa o mato crescer em paz) O pé no céu
Deixa o tatu-bola no lugar Deixa a capivara atravessar Deixa a anta cruzar o ribeirão Deixa o índio vivo no sertão Deixa o índio vivo nu Deixa o índio vivo Deixa o índio
Deixa (É fruta do mato) Escuta o mato crescendo em paz (É fruta do mato) Escuta o mato crescendo Escuta o mato Escuta (Escuta)
Escuta o vento cantando no arvoredo Passarim passarão no passaredo Deixa a índia criar seu curumim Vá embora daqui coisa ruim Some logo Vá embora Em nome de Deus
É fruta do mato Borzeguim deixa as fraldas ao vento E vem dançar E vem dançar
O jacú já tá velho na fruteira O lagarto teiú tá na soleira Uirassu foi rever a cordilheira Gavião grande é bicho sem fronteira Cutucurim (Cutucurim) Gavião (Zão) Gavião (Ão)
Caapora do mato é capitão Ele é dono da mata e do sertão Caapora do mato é guardião (Jaguaretê) É vigia da mata e do sertão
Deixa a onça viva na floresta Deixa o peixe n'água que é uma festa Deixa o índio vivo Deixa o índio Deixa (Deixa)
Dizem que o sertão vai virar mar (Dizem que o mar vai virar sertão) Deixa o índio Dizem que o mar vai virar sertão (Diz que o sertão vai virar mar) Deixa o índio Deixa, deixa
Imagem ilustrativa da imagem "Não quero fogo, quero água. Deixa o mato crescer em paz...deixa a onça viva na floresta...deixa o índio vivo"

Silvio Osias

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