POLÍTICA
Dr. Marcelo Queiroga, Bolsonaro não merece que o senhor jogue sua biografia no lixo
Publicado em 23/03/2021 às 13:46 | Atualizado em 30/08/2021 às 20:52
Conheci Marcelo Queiroga na década de 1990.
Eu no jornalismo. Ele na medicina.
Dr. Marcelo conquistou projeção como cardiologista de Tarcísio Burity, quando este sofreu um enfarte agudo, na segunda metade dos anos 1990.
Foi ele que nos deu a notícia da morte de Burity. Na noite anterior, depois de ouvi-lo, compreendi que as chances de sobrevivência do ex-governador eram mínimas.
No período que antecedeu a sua ida para o Ministério da Saúde, tive boas notícias do médico. Vi fotos e vídeos dele sempre ao lado do artista plástico Flávio Tavares.
Flávio estava pintando um belo painel para a Sociedade Brasileira de Cardiologia, respeitada entidade presidida naquele momento pelo médico paraibano.
Fiquei, portanto, surpreso quando vi o cardiologista com o presidente Jair Bolsonaro. Dr. Marcelo é homem da luta pela vida. Não pode estar junto de quem não preza a vida de quase 300 mil brasileiros.
Mas estava. E todo sorridente.
Na segunda-feira da semana passada (15), foi anunciado como novo Ministro da Saúde, no lugar do general Eduardo Pazuello.
Suas primeiras falas demonstraram logo que ele começara a adaptar o discurso médico, científico, ao discurso politicamente abominável do presidente.
Mas não ficou por aí. Seguiu-se um constrangimento inédito. Nem ele tomou posse, nem Pazuello deixou o cargo.
Nesta segunda-feira (22), fez uma semana que Marcelo Queiroga foi anunciado como o quarto ministro da Saúde de Bolsonaro.
O país vivendo o pior e mais trágico momento da pandemia do novo coronavírus, a Covid-19 matando como nunca matou no Brasil, e Marcelo Queiroga desempenhando um papel que mancha irreversivelmente o currículo de qualquer profissional da medicina.
Dr. Marcelo, sei que minha opinião tem pouquíssima ou nenhuma importância, mas deixe que eu lhe diga uma coisa, somente uma:
Não faça isso. Não se submeta a essa humilhação. O presidente Jair Bolsonaro não merece que o senhor jogue sua biografia no lixo.
Os números abaixo são da média de mortes no Brasil do dia seguinte ao anúncio da sua ida para o Ministério da Saúde até ontem, uma semana depois.
- Terça (16): 1.976 (recorde)
- Quarta (17): 2.031 (recorde)
- Quinta (18): 2.096 (recorde)
- Sexta (19): 2.178 (recorde)
- Sábado (20): 2.234 (recorde)
- Domingo (21): 2.255 (recorde)
- Segunda (22): 2.298 (recorde)
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