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CONVERSA POLÍTICA

Medo de "golpe" faz partidos tirarem da gaveta debate sobre impeachment de Bolsonaro

Não é uma questão de preferência ideológica. Qualquer ameaça à democracia, seja de um político de direita ou de esquerda, tinha que ser rechaçada publicamente.

Publicado em 08/09/2021 às 10:21 | Atualizado em 08/09/2021 às 12:49


                                        
                                            Medo de "golpe" faz partidos tirarem da gaveta debate sobre impeachment de Bolsonaro
Bolsonaro quando foi discursar em São Paulo, no 7 de setembro. Foto: Barbara Muniz/G1

				
					Medo de "golpe" faz partidos tirarem da gaveta debate sobre impeachment de Bolsonaro
Bolsonaro quando foi discursar em São Paulo, no 7 de setembro. Foto: Barbara Muniz/G1. Bolsonaro quando foi discursar em São Paulo, no 7 de setembro. Foto: Barbara Muniz/G1

Boa parte da classe política, em especial os parlamentares de centro, centro-direita e direita liberal, já tinha afastado a possibilidade de impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Temiam a instabilidade político-administrativa de um processo como esse. Vivemos tudo isso recentemente, com as incertezas da saída de Dilma. Uma justificativa que passou a ser repetida e compreendida.

Mas, ontem (07), após os ataques do presidente às instituições democráticas, como o Supremo Tribunal Federal, o Congresso, com tom autoritário e golpista, alguns partidos e políticos começaram a repensar sobre o impedimento. Iniciaram um cálculo simples: é pior para o país um impeachment tão perto da eleição ou um golpe do presidente? Outra pergunta que rondou: se Bolsonaro faz isso com o STF, por que não faria com o Congresso?

Partidos como PSD, PSDB, MDB e Cidadania, por exemplo, tiraram o debate do impeachment da gaveta ainda ontem.

Bolsonaro não deixou dúvidas: não sairá do poder, se perder a eleição. Fará de tudo para ficar. Encontrou uma justificativa e contamina seus apoiadores. Deslegitima o processo eleitoral (respeitado e consagrado desde sempre) e é com isso que pretende tumultuar a disputa antes e depois. Principalmente, se perder.

Emparedou o STF alegando uma ditadura do judiciário, que, se existe em vários momentos, precisa ser combatida pelos poderes que equilibram a democracia: o Legislativo e o Executivo (ele mesmo), mas com os instrumentos previstos no regramento legal, não com ameaças de destituição.

No discurso, em São Paulo, falou para os admiradores (alguns fanáticos) que só deixa o poder se Deus quiser, preso ou morto. Antes cravou que a prisão nunca aconteceria.

Não é uma questão apenas de preferência ideológica. Qualquer ameaça dessas, seja de um político de direita ou de esquerda, tinha que ser rechaçada, condenada publicamente por todos os políticos eleitos pelo voto popular, que presam pela democracia, mesmo com todos o defeitos.

Um pena, por exemplo, somente alguns parlamentares paraibanos condenaram os ataques do presidente. Um ataque a tudo que eles representam. Não há problemas em defender o presidente. Há muito problema em avalizar um discurso que quer destruir o sistema que colocou todos no poder e  garante o revezamento e a representatividade. Que garante a liberdade, mas com limites legais.

>>>Com exceção de Veneziano, Julian e Gervásio, bancada paraibana reage de forma tímida aos atos antidemocráticos

Imagem ilustrativa da imagem Medo de "golpe" faz partidos tirarem da gaveta debate sobre impeachment de Bolsonaro

Angélica Nunes Laerte Cerqueira

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