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CONVERSA POLÍTICA

Eleições 2022: os problemas e desafios de João Azevêdo na pré-candidatura à reeleição (parte I)

Publicado em 04/02/2022 às 8:45 | Atualizado em 04/02/2022 às 11:42


                                        
                                            Eleições 2022: os problemas e desafios de João Azevêdo na pré-candidatura à reeleição (parte I)
FRANCISCO FRANCA

Até um dia desses, o pré-candidato à reeleição, João Azevêdo (Cidadania), passeava em meio a uma oposição batendo cabeça e "receosa". Mas as nuvens inconstantes da política se movimentaram trazendo nebulosidade para o governador. Trouxe problemas, desafios e nós para desatar.

O primeiro desafio. João precisa administrar o estado, as crises naturais e as que serão criadas por opositores e, ao mesmo tempo, fazer política (partidária, de alianças, de promessas, de afagos, de favores) com foco na eleição. Não é tarefa simples. Essa habilidade política dele sempre foi motivo de questionamentos.

O governador, com caneta e tempo de mandato, fez o dever de casa. Mas, como será agora? Continua com a caneta, mas no fim do mandato. Em lugar cobiçado. Será o momento de provar que sabe fazer "essa tal política". Em jogo, um segundo mandato. Se errar, pode ser fatal.

A falta de um partido 

Um nó. Azevêdo precisa de um partido forte. Não basta ser uma legenda para tomar conta. Isso ele já tem. A direção nacional do Cidadania não sabe como se salvar, está dividida. Não sabe se vai com Dória (PSDB), com Moro (Podemos), Ciro (PDT), com Simone Tebet (MDB), pré-candidatos à presidência.

O partido (nacionalmente) está alheio à questão local e João precisa se virar para encontra um guarda-chuva bom, para ir forte à reeleição. Os grandes partidos da Paraíba, no entanto, têm donos, são "hereditários" e não parece que há ninguém disposto abrir espaço. Se salvar é a prioridade.

Mesmo sendo governador, João não tem opções de "peso", escolherá o menos fragilizado. Tenta o PSD. Mas o que dará ao partido de Kassab? Romero Rodrigues, ex-prefeito de Campina Grande, ao anunciar apoio à Pedro Cunha Lima (PSDB) disse, EXPLICITAMENTE, que o que Kassab quer a  garantia de ter na Paraíba dois deputados federais. Kassab quer força no parlamento, seja qual for o governo.

Segurar Veneziano e muitos deputados

Um desafio está ligado ao outro. Veneziano (MDB), virtual candidato ao governo da Paraíba (para amigos e correligionários já confirmado pré-candidato), caminha para encabeçar uma chapa de oposição. Azevêdo e o grupo ainda esperam conseguir reverter a decisão. Para isso, terão que dar algo muito atrativo. O que ?

Até poderia ser a vice para Ana Claudia (Podemos), mulher do senador. Mas isso o impede de realizar um sonho antigo: o de ele mesmo ser governador. A conjuntura e o momento nunca foram tão favoráveis a ele. Ana partirá para uma candidatura à Assembleia, com boas chances.

A base na AL 

Outro desafio de JA. Concretizada a pré-candidatura emedebista (caminha para isso), com quantos deputados estaduais João contará? Não é de hoje que a base reclama da falta de conversa, da dificuldade de obter dividendos políticos com o governo.

Basta uma conversa num cafezinho, fora da "bolha" governista, para ouvir reclamações ao pé do ouvido. Elas se repetem e são simétricas. Então, segurar a base é um outro desafio grande nas ações políticas do ano eleitoral.

Fidelidade longe da eleição é fácil, mas quem será fiel com o aparecimento de um outro quadro com perspectiva de poder? Qual o grupo fiel na AL? E nem chegamos a falar nas prefeituras e deputados federais.

Um vice representativo 

Azevêdo precisa escolher um vice representativo e conhecido, com voto em Campina Grande e/ou no Sertão. Alguns podem não achar importante, mas é. Em jogo, tem uma questão de pertencimento e identificação.

Com Romero na oposição, o governador perdeu um nome importante, com bom capital eleitoral e serviço prestado a uma região. Quem de Campina e do Sertão estará na chapa?

Efraim e Aguinaldo

Efraim e Aguinaldo disputam a vaga de candidatura ao Senado e, preferir um em detrimento do outro pode gerar faísca com possibilidade de muito fogo e revolta. Aguinaldo, deu um passo importante levando João à Gleisi Hoffmann, preposta de Lula, essa semana. Mas Aguinaldo é uma incógnita e sempre está onde tem chances reais de ganhar, seja com a direita ou com a esquerda.

Efraim Filho (mais a direita) continua arregimentando aliados e também se fortalece, mas com João "correndo" atrás de Lula o distancia.

A articulação para ficar com os dois também não é manobra simples, principalmente quando há interesses e condições que podem, naturalmente divergir, dentro do grupo.

Entre os elementos que só "animam" os espectadores, estão o desejo de João Azevêdo de ter Lula no palanque (com ele já estão Ricardo Coutinho, Luciano Cartaxo, Lígia Feliciano, adversários de JA) e as incertezas das consequências das federações partidárias.

Deu para ver que a matemática político-eleitoral não é tão simples. E ainda tem muito mais equações. É o que vamos ver numa segunda parte.

Os estrategistas ainda terão muitas noites de insônia.

Imagem ilustrativa da imagem Eleições 2022: os problemas e desafios de João Azevêdo na pré-candidatura à reeleição (parte I)

Angélica Nunes Laerte Cerqueira

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