CONVERSA POLÍTICA
Pré-candidatos à presidência do Brasil condenam 'neutralidade' de Bolsonaro em relação à Ucrânia; veja nota conjunta
No domingo, o presidente Jair Bolsonaro afirmou em entrevista coletiva no Guarujá, onde estava de folga, que a posição do Brasil em relação ao conflito Rússia-Ucrânia era de "neutralidade" (vídeo abaixo).
Publicado em 02/03/2022 às 10:54
A neutralidade do presidente Jair Bolsonaro em relação à invasão da Rússia à Ucrânia foi alvo de críticas de quatro pré-candidatos a presidente da República.
Nesta terça-feira, eles divulgaram nota conjunta condenando o posicionamento do "líder" brasileiro.
Assinam a nota a senadora Simone Tebet (MDB-MS), pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB), pelo ex-juiz federal e ex-ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro (Pode-PR), e pelo cientista político Felipe d'Avila (Novo-SP).
Na nota, os pré-candidatos afirmam que a defesa da paz, da soberania nacional e da legitimidade da ordem internacional sempre pautou a política externa brasileira.
Quando esses princípios cardeais são violados, não há espaço para neutralidade", afirmaram no texto, sem mencionar Bolsonaro. "É preciso defendê-los de maneira inequívoca por meio de nossas escolhas e ações", complementaram.
Para os pré-candidatos, o ataque militar da Rússia à Ucrânia é uma tentativa "condenável de mudar o status quo da Europa por meio da força, estimula a retomada de uma corrida armamentista e coloca em risco a soberania de países que lutaram contra as tiranias por liberdade e inserção na comunidade das nações".
Os quatro pedem a retomada da diplomacia e um posicionamento do governo brasileiro: "Pedimos à Rússia que retome o caminho da diplomacia para a restauração da paz. Pedimos ao governo brasileiro que se posicione, unindo-se às nações que defendem a soberania da Ucrânia e a solução pacífica do conflito."
Representante da Ucrânia
O encarregado de negócios da Ucrânia no Brasil, Anatoliy Tkach, sugeriu ontem (28), em entrevista coletiva, que o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, converse por telefone com o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, para esclarecer o que ocorre no país do leste europeu.
Penso que o presidente do Brasil esta mal informado. Talvez seja interessante ele conversar com o presidente ucraniano para ver outra posição e ter uma visão mais objetiva”, disse Tkach.
Para o representante da Ucrânia no Brasil, não existe neutralidade quando se conhece o agressor.
Ao se questionado se gostaria que o Brasil tomasse mais alguma atitude, o encarregado de negócios da Ucrânia no Brasil disse que espera “um maior apoio e uma maior condenação por parte do Brasil à Rússia. Nós temos que parar essa agressão”.
“Neste momento, não se trata de apoio à Ucrânia, se trata de apoio aos valores democráticos, ao direito internacional”, afirmou o diplomata. Ele disse que o conflito atual na Ucrânia não é apenas um problema do próprio país, “mas da Europa e do mundo”, disse à Agência Brasil.
NOTA NA ÍNTEGRA
A defesa da paz, da soberania nacional e da legitimidade da ordem internacional sempre pautou a política externa brasileira. Quando esses princípios cardeais são violados, não há espaço para neutralidade.
É preciso defendê-los de maneira inequívoca por meio de nossas escolhas e ações. O ataque militar da Rússia à Ucrânia é uma tentativa condenável de mudar o status quo da Europa por meio da força, estimula a retomada de uma corrida armamentista e coloca em risco a soberania de países que lutaram contra as tiranias por liberdade e inserção na comunidade das nações.
Portanto, nós, pré-candidatos à presidência da República, tornamos público o nosso repúdio à invasão da Ucrânia e oferecemos a nossa solidariedade ao povo ucraniano.
Pedimos à Rússia que retome o caminho da diplomacia para a restauração da paz. Pedimos ao governo brasileiro que se posicione, unindo-se às nações que defendem a soberania da Ucrâniarússias e a solução pacífica do conflito.
@lfdavilaoficial
@jdoriajr
@SF_Moro
@SimoneTebetms
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