VIDA URBANA
Alunos reclamam de insegurança e roubos no Campus I da UFPB
Além da fragilidade na estrutura da residência universitária, portões de acesso ao Hospital Universitário (HU) ficam abertos durante toda a noite, facilitando entrada de bandidos.
Publicado em 10/08/2010 às 9:44
Valéria Sinésio
Do Jornal da Paraíba
A insegurança na Residência Universitária, em João Pessoa, tem tirado o sossego dos estudantes da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Há duas semanas, durante a madrugada, ladrões levaram a TV de LCD colocada nas vésperas dos jogos da Copa do Mundo. “No dia seguinte tentaram entrar em um dos quartos pela janela”, disse Jaislan, coordenador da Residência. Na última terça-feira, outra tentativa de arrombamento foi registrada no quarto vizinho.
Segundo a estudante do curso de Enfermagem Mirian Marques, que mora no local há um ano, o medo e a insegurança são constantes. “A gente não consegue nem dormir direito, temendo a violência existente dentro do campus”, lamentou. Em boa parte dos quartos, a fechadura é frágil, e um simples empurrão é capaz de abri-la. O local é exposto e não há controle de quem entra e sai. Os estudantes suspeitam que os ladrões verificam o local durante o dia e voltam à noite para roubar.
Para agravar o problema, os portões de acesso ao Hospital Universitário (HU) ficam abertos durante toda a noite. “Também tem outro portão menor aberto a todo instante, qualquer pessoa entra sem problema”, disse Mirian, que já teve várias roupas roubadas do varal. “Semana passada levaram uma das blusas brancas que tenho e uso no curso de enfermagem”, explicou. Dias depois de roubarem a televisão, outro episódio tirou o sono dos estudantes. “Acordamos assustados com o barulho de tiros entre bandidos e seguranças do campus”, lembrou.
Um dos casos de insegurança no Campus I foi registrado na madrugada do último domingo. Quando, após um tiroteio por disputa de vendas de drogas na comunidade Santa Clara, um adolescente se escondeu dentro da UFPB. Ele foi apreendido em seguida com um revólver calibre 38 e seis munições já utilizadas. Para a polícia, a fragilidade na estrutura da UFPB facilita a fuga de bandidos. “Pelo menos uma vez por mês ouvimos relatos desse tipo e vivemos assustados”, disse a estudante Camila Sousa, do curso de Economia. “A insegurança é total”, declarou.
O problema relatado na Residência Universitária foi confirmado por Cesário Eduardo dos Santos, coordenador Nordeste da Federação dos Sindicatos dos Trabalhadores das Universidades Públicas (Fasubra). “É totalmente verdadeiro o que os estudantes denunciaram”, frisou. Segundo ele, apenas 140 homens (40 efetivos e 100 de empresa terceirizada) fazem a segurança em toda a extensão da UFPB. Número insuficiente. “A universidade está crescendo e a segurança continua a mesma, claro que teremos problema. É desproporcional”, contou.
De acordo com Cesário, vários levantamentos já foram feitos e entregues ao reitor, porém nada mudou. Além dos arrombamentos, a UFPB também registra alto número de pequenos assaltos, principalmente celulares. “Sempre chega ao nosso conhecimento que algum estudante foi abordado dentro do campus e teve o celular roubado, mas como a segurança é pouca, não há como vigiar todos os lugares”, explicou.
Em relação aos casos ocorridos na Residência Universitária, o coordenador disse que sua localização facilita a ação de bandidos, pela proximidade com a pista. “É uma área de grande movimentação. Já teve casos até de pessoas que cometeram delitos na rua entrarem para se esconder dentro do campus”, afirmou. Apenas dois homens fazem a segurança da residência universitária à noite. Porém, também são responsáveis pela escola técnica de saúde, que fica ao lado. “As paradas de ônibus também têm sido locais frequentes de assaltos”, declarou o coordenador.
Ainda conforme Cesário, na tarde de ontem os estudantes se reuniriam com o reitor da UFPB, Rômulo Polari, para discutir a questão da insegurança no campus. Contudo, o reitor precisou viajar e a reunião foi adiada para uma data ainda a ser definida.
O prefeito universitário, Alessando da Cunha Diniz, informou que no geral o número de ocorrências dentro do Campus é baixo, mas não há como zerar esses índices. “Contudo, já tomei conhecimento dos fatos que vêm acontecendo na Residência Universitária e estou entrando em ação juntamente com a Pró-Reitoria de Assuntos Comunitários (Prac)”, frisou o prefeito, acrescentando que ainda esta semana serão colocadas grades na Residência e a vigilância de toda a área será reforçada.
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