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SILVIO OSIAS

Numa disputa muito acirrada, é bom não confundir desejo com realidade

Publicado em 10/10/2022 às 6:05


                                        
                                            Numa disputa muito acirrada, é bom não confundir desejo com realidade

Desejo é uma coisa, realidade é outra coisa. Quem deseja a vitória da aliança democrática que se formou em defesa da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, obviamente não deseja a vitória da extrema-direita reunida em torno do projeto de reeleição do presidente Jair Bolsonaro (Foto/Reprodução). E a realidade? Até a realização do primeiro turno da eleição presidencial, a realidade parecia apontar para um favoritismo tranquilo de Lula. Não que, necessariamente, garantisse a vitória já no dia dois de outubro (e muitos pensavam que sim), mas que, em caso de segundo turno, a sua candidatura não corresse riscos.

Essa era a realidade de antes do primeiro turno. Essa não é mais a realidade de agora, quando, nesta segunda-feira (10), estamos a 20 dias da eleição. Nos dias que se seguiram ao primeiro turno, as pesquisas continuaram dando Lula como favorito, mas não com a mesma tranquilidade de dois meses atrás, quando a campanha começou pra valer. Hoje, se ainda é possível crer na vitória do projeto democrático do ex-presidente, não é mais impossível acreditar no êxito do projeto autoritário do atual presidente. Que ninguém se iluda - se Lula tem chance de voltar para cumprir um terceiro mandato, Bolsonaro também pode ser escolhido para um segundo.

Lembro de 2018. Em maio, com Lula preso, ouvi de um jovem artista paraibano que não havia dúvidas sobre a candidatura do ex-presidente. Argumentei que Lula não seria candidato porque caíra na lei da ficha limpa. Não haveria tempo para resolver a sua situação até o prazo de registro das chapas. O PT, no entanto, segurou uma candidatura inexistente, sabendo que ela era inexistente, até a substituição de Lula por Fernando Haddad. Em 2018, como em 1989, o campo democrático não teve a capacidade de se unir em torno de um nome eleitoralmente viável, e o resultado - tão previsível! - foi a eleição de Jair Bolsonaro.

Durante o governo de Bolsonaro, sobretudo a partir do momento em que Lula foi solto, os que me conhecem de perto sabem que sempre questionei o desejo que o ex-presidente tinha de disputar a eleição de 2022 para defenestrar Bolsonaro do poder. Lula já dera sua grande contribuição à democracia, Lula já se aproximava dos 80 anos, Lula talvez não compreendesse mais as mudanças que se operaram nos processos eleitorais. Não seria a hora do campo democrático fazer o que não conseguiu nem em 1989, na eleição de Fernando Collor, nem em 2018, na de Jair Bolsonaro? Não era. Nem na cabeça de Lula, nem na dos outros políticos com projetos de poder fora do PT.

O resultado é o que temos agora. Lula, de fato, se transformou no único nome eleitoralmente viável para enfrentar Bolsonaro, mas, somente no segundo turno, se tornou possível a aliança que tem tanto Marina Silva quanto Fernando Henrique Cardoso, Ciro Gomes (?) e Simone Tebet, além dos economistas do Plano Real. Lula será o vitorioso? Pode ser que sim. Nada, porém, garante que não seja Jair Bolsonaro. Se ocorrer, a reeleição do atual presidente confirmará os erros da esquerda e também do centro democrático. E o Brasil estará nas mãos de um projeto autoritário que, chancelado pelo voto popular, pode começar pela reforma da nossa suprema corte.

Imagem ilustrativa da imagem Numa disputa muito acirrada, é bom não confundir desejo com realidade

Silvio Osias

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