Querer ter razão é recurso emocional de pessoas inseguras, diz psicólogo

Quando acreditamos em algo, perguntamos e pesquisamos a respeito para fundamentar nossas ideias. O problema está em quando tendemos a fazer isso procurando fontes que vão reforçar apenas o que acreditamos. Segundo o psicólogo Marcos Lacerda, o nome disso é “viés de confirmação”. Lacerda é responsável pela coluna 'Nós da Questão', que vai ao ar toda segunda-feira, na rádio CBN Paraíba

“Por trás da sua razão, pode ter coisas que você desconhece, que lhe adoecem e provocam uma série de problemas psicológicos. A mente prega peças na gente”, diz Marcos. Ele afirma que “muitas pessoas ficam presas nisso que a gente chama de viés de confirmação e não se dão conta”.

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“Sabe por que esse ‘eu tenho certeza’ pode ser perigoso psicologicamente? Porque pode te tornar uma pessoa teimosa e que passa a ter comportamentos que não são legais. Pode te tornar uma pessoa preconceituosa, pois o preconceito vem do viés de confirmação, do ‘eu tenho certeza do que é certo’. Pode lhe tornar uma pessoa com muita dificuldade de sair da sua zona de conforto e com dificuldade para se abrir ao novo, de evoluir. Por isso você precisa parar de ter razão, se abrir para coisas novas e evitar o viés de confirmação”, afirma o psicólogo Marcos Lacerda.

Para ele, um exemplo simples disso são pessoas que adoram fumar. “ 'Eu gosto de fumar', mas fumar causa câncer de pulmão. 'Que nada, minha avó fumou até os 80 anos', mas há evidências científicas o suficiente de que fumar faz mal à saúde e pode provocar câncer. Essa pessoa parece ter certeza do que está dizendo, mas isso é um viés de confirmação".

“Você pode pegar isso e aplicar perfeitamente para suas relações afetivas, para suas relações no trabalho, nas suas relações com seus filhos. É preciso entender que a sociedade muda, avança, se transforma e eu nunca devo ter uma razão cristalizada”, alerta o especialista.

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Mas por que é tão difícil para as pessoas trocarem de opiniões? O psicólogo explica: as crenças e as razões tornam o mundo mais previsível e seguro, mas também torna o mundo mais estreito. "Eu preciso ter certeza e garantia de que você me ama, que não me trai, que meus filhos são assim ou assado, e aí eu vou criando vieses de confirmação, que podem ser positivos ou negativos, mas tanto faz, pois o problema é que nos aprisionam".

Em outras palavras, as pessoas têm dificuldade de parar de ter razão porque elas têm muito medo da flutuação da vida, mas a vida é flutuante”, diz Marcos Lacerda.

Uma pesquisa recente revelou que 69% dos brasileiros tendem a ter amizade com pessoas que pensam igual a elas. Mas o psicológc alerta, “eu não consigo crescer se eu apenas me cercar numa bolha que me dão razão no que eu acho que tenho razão. É preciso parar de ter razão: é preciso arriscar, se lançar a dúvida”, afirma.

“Ter a possibilidade de pensar diferente, dar-se o direito de não ter razão, pode nos libertar de prisões internas que você nem imaginamos”, conclui o psicólogo. “E sabe o que acontece? Isso torna a vida mais leve”, finaliza.