SAÚDE
PB deve ter 1.740 casos de câncer de próstata em 3 anos, estima INCA; médico alerta para diagnóstico precoce
Números cresceram entre os anos de 2018 e 2019, mas a curva de mortalidade pela doença caiu nos dois últimos anos. Especialista alerta para prevenção.
Publicado em 30/11/2022 às 15:18
A Paraíba deve somar 1.740 casos de câncer de próstata em um período de três anos, de 2020 até o fim de 2022, conforme estimam dados do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA), que o JORNAL DA PARAÍBA teve acesso.
Este dado corresponde ao quinto maior número dentre todos os estados do Nordeste. A projeção do instituto em relação à cidade de João Pessoa é de 320 casos.
Em relação às mortes em toda a Paraíba, desde 2020, na série histórica levantada pela Secretaria de Estado de Saúde (SES), foram 313 óbitos registrados naquele ano, e 298 em 2021.
Até setembro de 2022, que são até quando os dados estão disponíveis nesse ano, foram 247 mortes confirmadas em decorrência da doença. Ainda restam três meses para serem contabilizados no balanço.
Nos anos anteriores, como em 2018 e 2019, vale ressaltar, os números eram maiores, foram 331 e 357, respectivamente, os óbitos.
Diante dos números, o JORNAL DA PARAÍBA falou com o urologista Emerson Medeiros, Coordenador do Serviço de Urologia do Hospital de Emergência e Trauma de João Pessoa. O médico ressaltou a importância da prevenção e do exame de toque para o diagnóstico precoce do problema, o que possibilita uma recuperação com mais chances de cura.
O que é o câncer de próstata e os sintomas
“O câncer de próstata é a doença maligna que acomete a próstata. Felizmente, representa a minoria das doenças prostáticas. O aumento benigno é mais comum”, falou o médico.
Emerson Medeiros explica que há duas fases do câncer de próstata, que podem interferir no nível de sucesso da cura, a depender de quando o problema foi descoberto pelo paciente. "Há estágios que são curativos e outros que são avançados, onde as chances de cura caem drasticamente. Basicamente, os estágios I e II são mundialmente aceitos como mais de 90% de cura se tratados no tempo certo”.
Quanto aos sintomas, o médico destacou que a doença evolui, na maioria das vezes de forma mais silenciosa, mas que isso não impede os pacientes de apresentarem manifestações da doença. “Pode-se ter dificuldade miccional, noctúria (acordar várias vezes a noite para urinar), hematúria (sangue na urina), entre outros. Sintomas como dor lombar por vezes podem revelar uma doença avançada”.
Perguntado sobre a doença interferir também na fertilidade dos pacientes, o urologista falou sobre esse ‘mito’. “O câncer por si só não causa esse problema, mas quando se realiza a cirurgia, prostatectomia radical, não se ejacula mais. Se o paciente ainda deseja ter filhos, recomenda-se antes a coleta do semen e congelamento para posterior fertilização”.
Tratamentos
O médico destacou diversos tipos de tratamento para a doença, alguns que vão para o lado mais conservador e outros que são considerados mais radicais. “Para os estágios iniciais, passíveis de cura, indica-se a cirurgia de prostatavesiculectomia radical (conhecida popularmente de prostatectomia radical) ou a radioterapia (esta última nos pacientes que possuem extremo receio de fazer cirurgia ou naqueles em que a condição clínica e a idade avançada geram grandes riscos cirúrgicos)”, falou.
Emerson Medeiros ainda disse para quais tipos de tratamento cada perfil de paciente é indicado. “Em tese os pacientes hígidos, sem grandes comorbidades (por exemplo, cardiopatias) até 70 anos de idade, são fortes candidatos à cirurgia. A cirurgia pode ser pela via tradicional (cirurgia aberta), laparoscópica e até robótica. O resultado final é semelhante entre as 3 técnicas, a depender tão somente da boa experiência do urologista nesta ou naquela técnica”, finalizou.
O impacto da pandemia no diagnóstico do câncer de próstata
Apesar dos números em queda nos últimos anos, o doutor Emerson falou sobre uma possível subnotificação dos casos de diagnóstico do câncer de próstata durante o período de maior alta no número de casos da Covid-19, na pandemia. “Ano passado até aumentou o número de mortes, comparado ao ano anterior. Durante o primeiro ano da pandemia, principalmente, pacientes não puderam ir aos consultórios médicos, devido lockdown ou até mesmo por medo. Acho que alguns pacientes tiveram postergados seus diagnósticos”, ressaltou.
Prevenção
“A prevenção é a chave para a saúde. Idas regulares a médicos, alimentação regrada, prática habitual de exercícios físicos e diminuição ou não consumo exagerado de álcool e tabaco ajudam a envelhecer com qualidade de vida. Os homens vivem 7 anos em média a menos que as mulheres, pois elas seguem mais as recomendações acima. Ir ao médico mesmo que esteja sem sintomas, é prevenção. Isso salva vidas”, disse Emerson Medeiros.
Além disso, o médico também falou sobre o tabu em torno do exame de toque, e que ele é fundamental para que a prevenção, a melhor forma de se evitar a doença em seu grau mais potente, se manifeste.
“O exame de toque retal faz parte de um arsenal diagnóstico, onde se pode incluir o PSA (que se faz pelo sangue) e o ultrassom. Apesar das campanhas anuais, ainda existe tabu, principalmente em nossa região, o Nordeste. A mudança aconteceu, mais homens têm procurado, mas também ainda existem tantos outros resistentes”, traçou um panorama.
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