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Entenda a diferença entre as expressões 'indígena' e 'índio'

Este dia 19 de abril marca a primeira celebração do ‘Dia dos Povos Indígenas’ com este nome; anteriormente a data era chamada de ‘Dia do Índio’.

Publicado em 19/04/2023 às 19:00


                                        
                                            Entenda a diferença entre as expressões 'indígena' e 'índio'
Indígenas de diversas etnias no Acampamento Terra Livre, no Eixo Monumental, em Brasília. Marcello Casal JrAgência Brasil

Pela primeira vez, o Brasil comemora o ‘Dia dos Povos Indígenas’ com este nome. Até 2022, a data era celebrada como ‘Dia do Índio’. No entanto, em julho do ano passado, a lei mudou como a data deveria ser chamada.

A reportagem do JORNAL DA PARAÍBA conversou com o multi artista e pesquisador Topázio Gabriel (Karirí Aramurú), que falou sobre as diferenças entre as expressões ‘indígenas’ e ‘índio’, além da importância na mudança da lei para celebração da data no Brasil, levando em consideração a luta dos povos originários pelas próprias causas.

Antes de iniciar a explicação, o pesquisador convida a todos a se desligarem de qualquer tipo de formação educacional acerca do desenvolvimento do nosso país.

A origem do nome 'índio'

Topázio explica que a nomenclatura surgiu no litoral brasileiro, com a chegada de Pedro Álvares Cabral. "Foi um termo imposto a nós”, ressaltou.

Ele explica que, quando os colonizadores chegaram no litoral do Brasil e tiveram o  primeiro contato com os povos originários, identificaram esses povos como pertencentes à Índia, por isso o termo “índio” passou a ser utilizado. “E daí vem a primeira gafe, já que quem pertence à Índia é indiano”, acrescentou.

O pesquisador continuou, explicando que a segunda gafe dos colonizadores foi quando pensaram que os povos indígenas faziam parte de uma única etnia e grupo social, sendo o contrário. “Existiam e existem vários povos, com diferentes costumes, línguas e tradições culturais”.

“A palavra índio não tem a mínima condição de nos representar dentro de um território e de representar tanta diversidade dentro de vários grupos étnicos que existiram e existem nos dias de hoje. Sabendo disso, o termo índio é uma expressão preconceituosa que traz um tom pejorativo”, disse Topázio.

Além de “índio”, o pesquisador explica que os colonizadores também nomearam os povos originários do Brasil como “pretos da terra”, para diferenciar dos povos negros que vinham trazidos nos navios negreiros para serem escravizados. “Em outras regiões éramos chamados de caboclos e, até os dias de hoje, podemos perceber esses termos sendo usados”, completou.

‘Filho da terra’

“Indígena fala sobre um indivíduo que é filho da terra, pertencente a um território”, pontuou o pesquisador. No entanto, o pesquisador ressalta a importância de se atentar que, dentro do território brasileiro existem vários indígenas, porém, cada um pertencente a um grupo etnico. “Utilizando a Paraíba como exemplo, temos no Litoral Sul, o povo Tabajara, no Norte, o Povo Potiguara e, dentro do estado, temos o povo Karirí, entre outras etnias”.

“Assim podemos perceber como é importante essa mudança do dia 19 de abril, Dia do Índio, para o Dia dos Povos Indígenas. Agora, a data abraça todos os povos existentes dentro do território de Pindorama (primeiro nome dado pelos povos originários ao Brasil)”.

‘Existimos e resistimos’

Topázio Gabriel finaliza a entrevista ressaltando que o dia 19 de abril não é só uma data comemorativa, mas um momento para fortalecer os povos indígenas. “E também para lembrar aos não-indígenas, que hoje vivem dentro do nosso território, dentro de nossa casa, que estamos aqui, que continuamos existindo e que vamos continuar lutando pelos nossos direitos”.

“Existimos e resistimos! Lutamos diariamente pelos nossos direitos. Direitos de cidadãos brasileiros, filhos dessa Terra, filhos de Pindorama”, finalizou o pesquisador.

Imagem

Jornal da Paraíba

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