CONVERSA POLÍTICA
Rede de mulheres repudia voto de Cabo Gilberto contra projeto de igualdade salarial
Cabo Gilberto diz reconhecer que o problema exista, mas questiona a solução proposta pelo projeto.
Publicado em 05/05/2023 às 8:45
A Rede Estadual de Atenção às Mulheres Vítimas de Violências (Reamcav) regiu ao voto contrário do deputado federal Cabo Gilberto ao projeto de lei que busca garantir a igualdade salarial e remuneratória entre mulheres e homens na realização de trabalho de igual valor ou no exercício da mesma função.
As integrantes do grupo repudiaram o posicionamento do parlamentar bolsonarista. Segundo elas, é lamentável que em pleno século XXI ainda existam políticos que não compreendam a importância de medidas que combatam a desigualdade de gênero no ambiente de trabalho.
Acreditamos que sua postura representa uma ameaça aos direitos das mulheres e reforça as estruturas patriarcais que violentam e oprimem as mulheres há séculos. Exigimos dos representantes políticos um compromisso com as pautas feministas para que possamos avançar em direção a uma sociedade mais justa e igualitária', afirmaram as mulheres, em nota.
O Cabo Gilberto foi o único deputado federal paraibano que votou contra o projeto. Agora o texto vai para o Senado Federal para análise.
Justificativa do voto
Nas redes sociais, o deputado esclareceu o voto.
Segundo ele, a igualdade entre homens e mulheres norteia o mandato dele, mas, de acordo com o parlamentar, o PL 1.085/23 cria meios de coação e a ameaça ao empregador.
"Será o caminho da força o que melhor atende à demanda das mulheres? Ou será que estamos apenas diante de um projeto inócuo, aprovado às pressas, especialmente considerando que essa pauta estava nas inserções de TV do Partido dos Trabalhadores nessa Semana? Importante ressaltar que a igualdade salarial entre mulheres e homens já encontra-se garantido na própria CLT, através do artigo 461. Votei contra porque o projeto teve um viés de resolução por meio do conflito, por isso na verdade, eu votei em defesa das mulheres brasileiras", justificou.
Cabo Gilberto diz reconhecer que o problema exista, mas questiona a solução proposta pelo projeto.
O texto apela para a “solução fácil, porém contra-produtiva” do caminho do aumento de multas, da desconsideração do mérito individual - independente de sexo, da aplicação de multas administrativas desproporcionais pela mera não apresentação de relatórios. Essas multas, pasmem, podem chegar a 100 salários mínimos!", tentou explicar.
Para ele, errar a dose em um projeto com esse caráter pode ter o efeito contrário, que é desistimular a contratação de mulheres, e aumentar o desemprego entre elas. "Especialmente considerando que já são vítimas de discriminações em função de características inerentes à condição do sexo feminino, como a condição de gestantes", argumentou nas redes sociais.
Apesar da argumentação, o voto de Cabo Gilberto não pegou bem.
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