VIDA URBANA
4,2 mil diabéticos estão sem tratamento
Estimativas do Ministério da Saúde mostram que 4.219 diabéticos na Paraíba não estão sendo acompanhadas pela rede pública de saúde.
Publicado em 13/06/2014 às 6:00 | Atualizado em 30/01/2024 às 14:29
Há um ano, uma forte tontura levou a vendedora Severina Bernardino ao hospital. Após passar por exames e avaliações médicas, o mal-estar foi o sinal de que ela estava com diabetes.
Nos primeiros meses, o tratamento e as restrições alimentares foram seguidos à risca. No entanto, há cerca de seis meses ela abandonou o acompanhamento. Severina faz parte do grupo de 4.219 diabéticos que vivem na Paraíba que não estão sendo acompanhadas pela rede pública de saúde no Estado.
A estimativa é do Ministério da Saúde, referente ao último mês de abril, e aponta ainda que 55.883 moradores do Estado possuem diabetes. Segundo especialistas, o tratamento inadequado pode ser um dos fatores para complicações da doença. A chefe do Núcleo de Doenças e Agravos Não Transmissíveis da Secretaria Estadual de Saúde (SES), Gerlane Carvalho, explicou que o acompanhamento das pessoas diagnosticadas com diabetes é feito nas Unidades de Saúde da Família (USFs) dos municípios. Ela lembra que, além dos atendimentos diários, cada unidade possui ainda um cronograma para acompanhamento desses pacientes.
“Um dos fatores para que essas pessoas não estejam recebendo acompanhamento pode ser porque elas não busquem a unidade de saúde ou os agentes comunitários.
Todas as unidades de saúde têm suas atividades específicas para a diabetes, como também para hipertensão e outras doenças tratadas na Atenção Básica”, disse Gerlane Carvalho.
Severina, de 47 anos, conta que esquece de tomar os remédios, não segue a dieta recomendada pelo médico e relata que sofre com tonturas e outros incômodos que podem estar relacionados à doença. “Às vezes, passo o dia todo trabalhando e não como direito. Faço só um lanche com pastel e caldo de cana. Sei que tenho que seguir o tratamento, mas sou teimosa”, brinca a vendedora, lembrando ainda que a mãe morreu por complicações da diabetes.
Em João Pessoa, segundo informações do Núcleo de Hipertensão e Diabetes da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), aproximadamente 26 mil diabéticos recebem acompanhamento médico. A coordenadora responsável pelo setor, Clécia Oliveira, lembrou que a estimativa do Ministério da Saúde sobre os pacientes que não recebem acompanhamento pode estar relacionada ao abandono do tratamento ou até mesmo mudança de endereço.
“O tratamento da diabetes é garantido pelo SUS, e, na atenção básica, esses pacientes recebem o acompanhamento de endócrinos, nutricionistas e outros profissionais. Quando o paciente tem alguma complicação por causa da doença e precisa ser atendido em hospitais ou fazer exames específicos, ele também é encaminhado”, frisou.
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