Opinião: eleição faz Cícero recuar e usar energia para outros projetos, mas ambientalistas continuam em alerta

O prefeito Cícero Lucena (PP) fez bem ao recuar do projeto de engorda de quatro praias da orla de João Pessoa. Politicamente, evita os desgastes que a ideia irá trazer ao processo de reeleição. Ele e os auxiliares foram (eleitoralmente) pragmáticos, mesmo com a impressão negativa que vem com um recuo desses.

Sem tempo da população ver eventual benefício da tal 'engorda', corria o risco de permanecer com um bom tema de bandeja para ser alvo de críticas. Não vai se livrar, no entanto, dos adversários na campanha. Não duvide: irão sempre lembrar que, se reeleito, Cícero pode retomar com a ideia. Os ambientalistas, por sua vez, estão de olho.

No campo administrativo-jurídico, o prefeito e sua equipe perceberam que eram muitas as frente de problemas, um pouco mais de um ano antes da eleição: TCE, MPPB, MPF, ambientalistas, significativa parte da população contrária e argumentos ainda não convincentes da necessidade de fazer uma obra, com um custo tão alto.

A gestão percebeu, em tempo, que deve usar energia com questões mais objetivas e diretas: a contenção da erosão da Barreira do Cabo Branco e, esperamos, a transformação da parte de cima, num grande parque com um bom plano de rearborização; na lista de ações, estão ainda a reorganização da orla e padronização de calçadas, por exemplo.

Perceberam, em tempo, que podem focar no Parque da Cidade e que em um ano a população já terá uma noção dos benefícios de uma área como aquela. Pode focar ainda em um projeto de revitalização do Centro Histórico, abandonado e alvo de muitas críticas de comerciantes, que resistem na região.

Enfim, muitos são os focos para se destinar muita energia: parque das Três Ruas, viaduto de Água Fria, ladeira entre Valentina e  Mangabeira, manutenção dos Parques Parahyba I, II e os outros que estão sendo feitos; da Lagoa.

E ainda: na melhoria do transporte coletivo, organização dos ambulantes no Centro e na praia, pavimentação das mil ruas prometidas, melhorias de vias e acessos de outras tantas. Só para citar alguns projetos.

Questões ambientais 

Apesar da decisão, ambientalistas e parte da população que tem medo do impacto no ecossistema marinho continuarão em alerta. É que o recuo foi claramente motivado pelo peso político-eleitoral, mas a luta deles continua para convencer a opinião pública de que projeto, em João Pessoa, é ambientalmente prejudicial.

O prefeitura respira e tira a polêmica do caminho. Quem tem receio da proposta voltar à tona, vai ficar de olho.