CONVERSA POLÍTICA
Prefeito Charles Camaraense é condenado por manter lixão a céu aberto em Cuité
A decisão contra o prefeito Charles Camaraense foi tomada, por unanimidade, pelo Pleno do Tribunal de Justiça da Paraíba, nesta quarta-feira (22), e ainda cabe recurso.
Publicado em 22/11/2023 às 13:21 | Atualizado em 22/11/2023 às 18:28
O prefeito de Cuité, Charles Camaraense (PSB), foi condenado a pena de dois anos de reclusão, que deve ser substituída por duas restritivas de direitos, por atos lesivos ao meio ambiente. A decisão foi tomada, por unanimidade, pelo Pleno do Tribunal de Justiça da Paraíba, nesta quarta-feira (22), e ainda cabe recurso.
A decisão impõe que o prefeito terá que prestar serviços à comunidade ou a entidades públicas com destinação social, pelo prazo de pena privativa de liberdade, e prestação pecuniária, no importe de 30 salários mínimos.
A punição foi imposta com base em denúncia apresentada pelo Ministério Público da Paraíba. O órgão apontou que o gestor permitiu, de forma consciente e voluntária, o depósito de resíduos sólidos urbanos (rejeitos, recicláveis e orgânicos) coletados no município indevidamente, a céu aberto, em local não autorizado ou licenciado por órgãos ambientais.
O ato causou poluição em níveis que podem resultar em danos à saúde humana, sem observar a destinação e a disposição final ambientalmente adequadas.
Não cumpriu acordo
No voto, o desembargador Márcio Murilo da Cunha Ramos destacou que o prefeito aderiu a um acordo de não persecução penal (AAPP), firmado em janeiro de 2019, para despejo dos resíduos sólidos em aterros sanitários.
Todavia, segundo o relator, transcorrido o prazo concedido do ANPP, o gestor manteve-se inerte quanto ao cumprimento da obrigação celebrada, continuando, assim, a prática da conduta criminosa em apuração.
O relator ressaltou, ainda, que o prefeito de Cuité foi formalmente cientificado da necessidade de dar adequada destinação ao lixo recolhido dos munícipes, mediante a criação de aterro sanitário, bem como de se comprometer a interromper a ação delitiva e minorar os seus efeitos em prazo razoável.
Logo, ainda que o denunciado não fosse o autor direto dos atos de poluição, tinha o dever jurídico de agir para eliminar o estado de ilegalidade posto”, disse o desembargador Márcio.
Posicionamento do prefeito
Ao Conversa Política, o prefeito Charles Camaraense, que já esta em segundo mandato, disse que o problema foi gerado por gestões anteriores e que já acionou o seu advogado, Francisco Barros Dias, ex-desembargador do TRF-5, que fez a defesa dele hoje para apresentar recurso, com o objetivo de provar que resolveu o problema.
"Infelizmente as gestões são continuadas e as responsabilidades acompanham as mudanças de gestores. Existia um processo em trânsito antes mesmo da nossa gestão, apesar de tomarmos todas as medidas possíveis, como o PRADA, plano de recuperação de área degradada e alterada, que iniciou antes mesmo da desativação do antigo lixão", disse o prefeito.
Ainda segundo o gestor, atualmente todo lixo é levado para o aterro sanitário de Campina Grande. "Mesmo diante de todas essas ações para desativar o antigo lixão fomos penalizados por conta da inoperância de gestores anteriores que não tiveram nenhum cuidado em tomar as medidas para conter esse descaso", completou.
Detalhe é que Charles é pai da secretária de Mário Ambiente do estado, Rafaela Camaraense.
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