ESPORTES
Zagallo nos deixa enquanto CBF e Seleção agonizam, a 2 anos da Copa do Mundo
Zagallo, tetracampeão do mundo, amou a Amarelinha como poucos e acompanhou cansado uma das fases mais delicadas do time e da entidade que comanda o futebol brasileiro.
Publicado em 07/01/2024 às 9:10
Mario Jorge Lobo Zagallo nos deixou aos 92 anos. O alagoano foi, em vida, sinônimo de muito amor a camisa da Seleção Brasileira. Também não é para menos, ele esteve em quatro dos cinco títulos mundiais de futebol do Brasil.
E curiosamente, a partida do cansado comandante da Amarelinha acontece em meio ao momento caótico vivido pelo time dentro de campo e pela entidade que dirige o futebol brasileiro. Enquanto Zagallo foi descansar, a CBF e a Seleção agonizam.
Zagallo morre, mas o seu legado é eterno
Zagallo foi uma figura que representa tão bem a Seleção Brasileira quanto Pelé. Para se ter uma ideia, o Velho Lobo esteve em campo nas conquistas de 1958 e 1962. Já no tricampeonato, em 1970, ele foi o treinador.
Depois de 24 anos sem conquistar a Copa do Mundo, o Brasil foi tetra com Romário, Bebeto e companhia. E lá estava ele, Zagallo, como coordenador técnico.
O alagoano ainda dirigiu a Seleção na Copa da França, em 1998, sendo vice-campeão, e foi novamente coordenador no Mundial de 2006, na Alemanha.
Ao longo de sua vida, Zagallo sempre declarou a sua paixão pela Amarelinha.
Seleção vive crise técnica e má fase nas Eliminatórias
O 2023 da Seleção Brasileira foi realmente tenebroso. O time teve dois treinadores ao longo do ano, mas o futebol não encheu os olhos em nenhum momento.
Com Ramon Menezes no comando, o Brasil fez três jogos, vencendo Guiné e perdendo para Marrocos e Senegal.
Para as Eliminatórias, quem dirigiu a Seleção foi Fernando Diniz, que chegou como interino diante da promessa de que Carlo Ancelotti assumiria o time ao fim da temporada europeia.
Diniz, que é unanimidade no Fluminense, não conseguiu engrenar com a Seleção. Nem mesmo depois da estreia com goleada sobre a Bolívia nas Eliminatórias para a Copa de 2026.
Em seis jogos, contando com o triunfo sobre os bolivianos, o Brasil venceu dois, empatou um e perdeu outros três.
As três derrotas seguidas, contra Uruguai, Colômbia e Argentina, mostraram que, além de números ruins, o Brasil vive uma crise técnica, mesmo com uma equipe formada por jogadores talentosos.
O fato é que a Seleção Brasileira tem vivido capítulos bem diferentes daqueles que o Velho Lobo se acostumou. O Brasil foi referência no século passado: a melhor seleção que já jogou futebol.
O último título relevante dos brasileiros foi em 2019, a Copa América disputada no país. Antes disso, somente em 2013, a Copa das Confederações, também em solo brasileiro.
Vale destacar que as medalhas de ouro nas Olimpíadas, conquistadas em 2016 e 2020, foram com uma equipe sub-23, conforme o regulamento.
Furacão CBF
A crise técnica dentro de campo é só um dos elementos que comprometem o sucesso da Seleção Brasileira. Fora de campo, a Confederação Brasileira de Futebol tem protagonizado situações embaraçosas.
A última, é claro, foi a volta de Ednaldo Rodrigues ao comando da entidade. O dirigente havia sido destituído do cargo por decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro em dezembro do ano passado.
Diante da decisão, e eleição para o cargo de presidente da CBF fica paralisada.
Vivendo um caos político, a entidade vai falhando na missão de conduzir a Seleção Brasileira. A prova disso foi o atraso para o envio dos convocados para a disputa do torneio Pré-Olímpico.
E a mais nova, é claro, é que, de volta por decisão liminar, Ednaldo Rodrigues já promoveu mudanças na Seleção: Fernando Diniz foi demitido. O principal nome para assumir o time é o de Dorival Júnior, atualmente no São Paulo.
Contudo, a promessa por Carlo Ancelotti ficou no passado. O italiano renovou com o Real Madrid, e os brasileiros ficaram apenas no sonho de ver um nome de ponta assumir a Seleção Brasileira.
+ Ancelotti fala da Seleção e preferência por Real Madrid: "Foi como queria"
Sem rumo e sem Zagallo
Com um presidente no cargo por decisão liminar e uma eleição que não se tem como cravar quando vai acontecer, a Seleção e a entidade que comanda o futebol brasileiro vão agonizando.
E marcando o fim de uma era de conquistas, Zagallo vai ser velado neste domingo na sede da CBF. O adeus a um nome que fez a Seleção Brasileira ser reconhecida por todo o mundo. Mas que, cansado, nos deixou talvez na pior crise da Amarelinha, a dois anos da Copa de 2026.
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