POLÍTICA
Comissão aprova texto de José Maranhão que prevê mais tempo para autistas concluírem graduação
O texto visa assegurar apoio aos alunos de ensino superior com transtornos de aprendizagem e desenvolvimento.
Publicado em 29/05/2024 às 20:35 | Atualizado em 29/05/2024 às 22:06
Foi aprovado na Comissão de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência da Câmara dos Deputados uma proposta que assegura aos alunos de cursos superiores com transtornos de aprendizagem, a possibilidade de ampliação do prazo de conclusão do curso em até 50% em relação ao prazo máximo estabelecido.
O texto é de autoria do senador José Maranhão (MDB), apresentado dois anos antes de seu falecimento por Covid-19, e aprovado no Senado em 2023. Na Comissão da Câmara, o texto foi aprovado na forma do substitutivo da relatora, a deputada Rosangela Moro (União-SP), que apensou outras duas propostas ao projeto do senador paraibano.
O texto visa assegurar apoio aos alunos de ensino superior com transtornos de aprendizagem e desenvolvimento. No substitutivo, a relatora reúne também medidas contidas nos projetos apensados.
A deputada disse que o objetivo da lei é tornar claro e assegurar um direito previsto inicialmente em resolução do extinto Conselho Federal de Educação de 1981, que menciona a possibilidade de dilação do prazo máximo de conclusão do curso para alunos com “deficiências físicas, afecções congênitas ou adquiridas que importem na limitação de capacidade de aprendizagem”.
A relatora propõe a mudança da ementa da lei, para tratar do acompanhamento integral de alunos com quaisquer transtornos de aprendizagem ou do neurodesenvolvimento. Estão incluídos no conceito o TDAH, o Transtorno do Espectro Autista (TEA), a dislexia, o Distúrbio do Processamento Auditivo Central (DPAC), entre outros.
Concursos públicos
A proposta também prevê, para os candidatos de concursos públicos com transtornos de aprendizagem e do neurodesenvolvimento, a possibilidade de atendimento especializado por meio de tempo adicional de até uma hora para realizarem suas provas; profissional ledor para auxiliar na leitura das provas, profissional transcritor para auxiliar na escrita e preenchimento do cartão-resposta das provas, correção da prova escrita avaliada a partir de uma matriz de correção específica por profissionais especializados, e outras medidas.
“O tempo adicional é uma forma de garantir que as pessoas com os transtornos tenham condições justas de competir, permitindo que tenham o tempo necessário para compreender as questões, processar as informações e respondê-las adequadamente, compensando as possíveis limitações decorrentes dos transtornos”, afirmou a relatora.
Lei alterada
A proposta altera a Lei 14.254/21, que trata do acompanhamento integral para alunos com dislexia ou Transtorno do Deficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) ou outro transtorno de aprendizagem. O acompanhamento integral inclui a identificação precoce do transtorno, o encaminhamento do educando para diagnóstico, o apoio educacional na rede de ensino, bem como o apoio terapêutico especializado na rede de saúde.
Atendimento integral
O texto prevê que as instituições de educação superior públicas e privadas assegurarão a esses alunos, entre outras medidas, atendimento integral e individualizado; disponibilização de aulas complementares ou de reforço; flexibilização da forma de apresentação de trabalhos individuais, respeitada a escolha do aluno por atividade alternativa à exposição oral; realização de provas e exames em ambiente apropriado e em tempo adequado à condição do estudante e garantia de acompanhamento de trabalhos de conclusão de curso por professores capacitados para lidar com necessidades específicas do aluno.
Além disso, a proposta estabelece que as instituições implementarão programas, projetos e ações de conscientização da comunidade acadêmica acerca de temas relacionados aos transtornos de aprendizagem e do neurodesenvolvimento, além de capacitação e formação continuada para os professores sobre o assunto. Está prevista ainda a inclusão, nos processos de avaliação das instituições e dos cursos, de critérios relacionados ao atendimento desses alunos.
A provação na Câmara ocorreu no dia 13 de maio. Agora, o projeto será analisado em caráter conclusivo pelas comissões de Educação; de Finanças e Tributação; e de Constituição e Justiça e de Cidadania. Se aprovado, vai para a sanção presidencial.
Jornal da Paraíba com informações da Agência Câmara de Notícias
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