PLENO PODER
Governo não estancou crise e ex-secretário foi 'engolido' pelo lobby da política
Em carta, Antônio Roberto Souza fez balanço da gestão
Publicado em 06/06/2024 às 17:21 | Atualizado em 06/06/2024 às 17:32
A saída traumática hoje do ex-secretário Antônio Roberto Souza, da Pasta estadual da Educação, agitou o noticiário político da Paraíba. E não por acaso. Há meses ele vinha sendo alvo da artilharia de deputados da base e da oposição na Assembleia Legislativa.
Alguns questionando índices registrados pelo setor. Outros uma suposta falta de habilidade política do ex-gestor, em receber as demandas apresentadas.
Mas o pedido de exoneração, em meio à pressão, faz surgir algumas constatações dentro desse percurso de desentendimentos entre Roberto e o partido que o indicou para o cargo, o Republicanos.
A primeira é o fato de que o Governo errou ao entregar, de porteira fechada, uma das secretarias mais importantes do Estado a um partido político. A prática, aliás, não é nova. É reiterada no Brasil e também aqui no Estado, em diversas cidades. Mas vez por outra acaba provocando fins trágicos como o de agora.
Esse tipo de formato enfraquece o próprio Governo e o faz permanecer refém, sem capacidade de reação diante de instabilidades. Nesse caso em específico, ficou claro que não houve capacidade de articulação suficiente para assegurar a permanência do ex-secretário no cargo. Que vinha, do ponto de vista técnico, agradando à gestão.
Uma outra conclusão é a de que a 'desconvocação' de Antônio Roberto na Assembleia Legislativa, em maio, atendeu a um objetivo claro. O de evitar a 'fritura' total do Governo e suas relações com a base, ao mesmo tempo que garantiu que a pressão continuaria de maneira silenciosa - resultando na carta de despedidas desta quinta-feira.
Na mensagem, um outro fato.
Antônio Roberto elencou os avanços obtidos em sua gestão. E não foram poucos. Uma forma de demonstrar para a opinião pública que o término de sua estadia na Pasta não ocorreu por falta de entregas. Mas sim pela pressão continuada e descontrolada de agentes políticos.
Técnico reconhecido na área, o professor e ex-secretário foi consumido por divergir dos métodos adotados pela política. Algo que, em uma área essencial, torna-se arriscado para qualquer gestão que busca resultados.
O aceno agora é para a indicação de um novo nome. Com perfil mais político, talvez. Que consiga atender melhor os pedidos feitos nos corredores e gabinetes. Quanto aos índices da Educação... essa é uma discussão que parece ser acessória para muitos, dentro e fora da base aliada.
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