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COTIDIANO

O que se sabe sobre o assassinato dos jovens que foram decapitados em Bayeux

Suspeita disse que matou os jovens porque eles tinham figurinhas de uma facção rival no celular.

Publicado em 25/09/2024 às 10:41 | Atualizado em 25/09/2024 às 11:30


				
					O que se sabe sobre o assassinato dos jovens que foram decapitados em Bayeux
Wendys de Caldas, de 24 anos, e Renan Douglas, de 16 anos, foram mortos em Bayeux. Arquivo

Dois jovens moradores do bairro Jardim Veneza, em João Pessoa, foram encontrados decapitados e enterrados, no dia 9 de julho, após cinco dias desaparecidos. Os assassinatos de Renan Douglas, de 16 anos, e Wendes de Caldas, de 24 anos, chocou a localidade onde moram e motivou dois protestos que interditaram totalmente um trecho da BR-101, próximo às Três Lagoas. Confira abaixo o que se sabe sobre o caso:

Onde Renan e Wendes foram vistos pela última vez?

Renan e Wendes comparecerem a uma sucata no bairro de Imaculada, em Bayeux, no dia 4 de julho para comprar materiais. Eles se juntaram há um mês para trabalhar por conta própria comprando restos de pallets para reformar e vender.

Segundo a mãe de Renan, ele saiu de casa no início da tarde, depois que pegou R$ 200 emprestado para comprar material na sucata. "Como eu trabalho próximo a nossa casa, na quinta ele foi lá levar meu almoço. Foi quando pediu dinheiro emprestado, eu fiz um pix e ele foi na sucata", conta.

Imagens de câmera de segurança registraram a saída dele do local e, depois disso, não foram mais vistos. Segundo funcionários da sucata, eles chegaram por volta das 14h e foram embora após as 16h.

O irmão de Wendes, Wellington de Caldas, conta que o irmão costuma chegar em casa por volta das 18h30 durante os dias de semana, logo após o trabalho. "No final de semana, ele vai tomar a cervejinha dele. É muito tranquilo", diz.

O desaparecimento foi registrado no dia 5 de julho e remetido para a Delegacia de Homicídios.

Quando e como os corpos foram encontrados?

Os corpos de Renan e Wendes foram encontrados enterrados um em cima do outro, em uma cova rasa, no Rio do Meio, em Bayeux, no dia 9 de julho.

Eles foram decapitados e estavam com as mãos amarradas. Segundo o delegado Diego Garcia, havia sinais de tortura.

Os corpos foram achados com marcas de perfurações de tiro. Além disso, os policiais também encontraram um facão próximo ao local, que pode ser uma arma utilizada no crime, não só para ferir as vítimas, como também para decapitá-las.

"As vítimas possivelmente foram mortas após serem interrogadas por esses criminosos no sentido de saber se eles eram integrantes de uma outra facção criminosa", afirmou o delegado Garcia.

De acordo com o delegado Diego Garcia, os corpos já seguiam em um estado considerável de decomposição, o que aponta para a possibilidade de que o homicídio tenha ocorrido no mesmo dia em que os jovens desapareceram.


				
					O que se sabe sobre o assassinato dos jovens que foram decapitados em Bayeux
Equipe da Polícia Civil e do Corpo de Bombeiros Militar ao lado da cadela Thalia, que identificou o local onde os corpos foram enterrados..

Durante as buscas, a presença de urubus no local auxiliou a polícia e o Corpo de Bombeiros a delimitar um perímetro de buscas. Os corpos foram encontrados em uma área de mata fechada à beira de um rio, com a ajuda da cadela Thalia, do Corpo de Bombeiros Militar.

Suspeitos presos

Uma mulher e dois homens foram presos por suspeita de envolvimento na morte dos dois jovens. Todos fazem parte da facção criminosa Comando Vermelho.

A mulher presa é a suspeita de ser a executora do crime e pistoleira da facção. Segundo a Polícia Civil, Emily Vieira, de 20 anos, foi presa em 24 de setembro, confessou ter matado os jovens e disse sentir "prazer em matar".

Motivação do crime

De acordo com a Polícia Civil, Emily Vieira disse ter assassinado os jovens por suspeitar que eles poderiam ter relação com uma facção rival.


				
					O que se sabe sobre o assassinato dos jovens que foram decapitados em Bayeux
De acordo com a Polícia Civil, Emily Vieira disse ter assassinado os jovens por suspeitar que eles poderiam ter relação com uma facção rival. Divulgação

Emily Vieira Martins diz ter se reunido com outros criminosos e abordado os jovens do lado de fora do galpão onde eles foram comprar paletes no dia 4 de julho e ordenado que eles entregassem os celulares.

Ela teria encontrado figurinhas de uma facção rival no celular dos dois jovens ao abordá-los. A informação foi confirmada pelo delegado Diego Garcia, da Polícia Civil.

As figurinhas seriam em menção a uma facção rival que atua no Jardim Veneza, em João Pessoa, onde eles moravam.

“Os jovens transitavam por Rio do Meio [em Bayeux], [ela] suspeitou que eles poderiam ser de outra localidade, então decidiu abordá-los. Esses jovens, antes de morrer, segundo ela, disseram que eram trabalhadores, mas mesmo assim ela não deu ouvidos e continuou os atos de execução das vítimas", disse o delegado.

Como aconteceu o crime?

Segundo a polícia, Emily amarrou os dois jovens com o auxílio de outras duas pessoas. Os jovens foram esfaqueados e, em seguida, ela degolou Renan e Wendes. Eles foram enterrados numa cova rasa que, segundo o delegado, ela mandou que as próprias vítimas cavassem.

Suspeita de praticar o crime já foi atleta de karatê

De acordo com a polícia, Emily Vieira Martins foi atleta de karatê e chegou a fazer seletiva para a Seleção Brasileira de Karatê, representando a Paraíba em diversos campeonatos. Em interrogatório, a suspeita diz ter ido ao Rio de Janeiro aprender com o grupo da facção que reside no estado carioca e ganhado a confiança dos chefões da organização.

Emily declarou em interrogatório ter abandonado o esporte e entrado para o mundo do crime há cerca de um ano e diz não se arrepender dos crimes.

Ao ser presa, a Polícia Civil informou que Emily já teria sido autuada por tráfico de drogas, diversos assaltos e porte ilegal de armas.

Protestos interditaram a BR-101

Dois protestos interditaram um trecho da BR-101, nas proximidades das Três Lagoas, por moradores do Jardim Veneza, após o desaparecimento de Renan e Wendes.

O primeiro aconteceu na manhã do dia 8 de julho, ainda antes dos corpos serem encontrados, cobrando soluções para o caso.

No dia 9 de julho, uma nova manifestação foi feita no mesmo local, dessa vez cobrando justiça. Na ocasião, houve confronto com a polícia. PMs chegaram a disparar balas de borracha contra os manifestantes, e quatro pessoas foram detidas.

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Jornal da Paraíba

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