VIDA URBANA
Larvicida usado para combater mosquito seria associado à microcefalia
Publicado em 13/02/2016 às 14:44
A Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) pede aos gestores públicos a imediata suspensão dos larvicidas como Pyriproxyfen e Malathion, usados na água para combater o Aedes Aegypti, por causa de seus efeitos tóxicos na população. Entre os males causados por tais substâncias está a microcefalia.
No dia Nacional de Mobilização contra o mosquito, o secretário de Saúde do Rio Grande do Sul, João Gabbardo dos Reis acatou o alerta da Abrasco e anunciou a suspensão do larvicida Pyriproxyfen, apontado em nota técnica da associação como possível causador de microcefalia.
O produto é utilizado em caixas d’água para eliminar larvas do mosquito vetor da dengue, da febre chikungunya e do vírus Zika. “A suspeita é suficiente para nos fazer decidir pela suspensão do uso. Nós não podemos correr esse risco”, disse Gabbardo.
Em nota técnica, a Abrasco faz uma série de recomendações aos gestores públicos para que revejam o uso de muitos químicos lançados na água da população brasileira e que traz malefícios aos fetos, crianças e adultos.
De acordo com a Abrasco, os larvicidas reguladores de crescimento como o Diflubenzuron e Novaluron, introduzidos no lugar do Temephós, mostram-se problemáticos. Em Recife, foi realizado estudo de efeito sobre a saúde dos trabalhadores que os aplicam e constatou-se a ocorrência de metahemoglobinemia; também se sabe que seus metabólitos têm diversos efeitos tóxicos, e que não são considerados.
A Abrasco defende a imediata revisão do modelo de controle vetorial. Para a associação, o foco deve ser a eliminação do criadouro e não o mosquito como centro da ação. Assim, reivindica a suspensão do uso de produtos químicos e adoção de métodos mecânicos de limpeza e de saneamento ambiental. Nos reservatórios de água de beber a Abrasco alerta que deve-se utilizar medidas de limpeza e proteção da qualidade da água e garantia de sua potabilidade.
Governo nega relação de larvicida com microcefalia
O Ministério da Saúde divulgou, em nota, que não existe nenhum estudo epidemiológico que comprove a associação do uso de pyriproxifen e a microcefalia e que só utiliza larvicidas recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Os produtos passam por um rigoroso processo de avaliação da World Health Organization Pesticed Evaluation Scheme (WHOPES).
O pyriproxifen, segundo o MS, está entre os produtos aprovados por esse comitê e também possui certificação pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que avalia a segurança do larvicida no Brasil.
Ao contrário da relação entre o vírus Zika e a microcefalia, que já teve sua confirmação atestada em exames que apontaram a presença do vírus em amostras de sangue, tecidos e no líquido amniótico, a associação entre o uso de pyriproxifen e a microcefalia não possui nenhum embasamento científico.
É importante destacar que algumas localidades que não utilizam o pyriproxifen também tiveram casos de microcefalia notificados. Para o MS, a Secretaria de Estado da Saúde do Rio Grande do Sul (SES/RS), como autoridade de saúde local, tem autonomia para utilizar o produto adquirido e distribuído pelo Ministério da Saúde ou desenvolver estratégias alternativas.
A nota ainda informou que o Ministério da Saúde somente recomenda a utilização de larvicidas em situações especiais, onde há necessidade de armazenamento de água e os depósitos não podem ser protegidos fisicamente. É importante lembrar que para erradicar o Aedes aegypti e todos os seus possíveis criadouros, é necessária a adoção de uma rotina com medidas simples para eliminar recipientes que possam acumular água parada. Quinze minutos de vistoria são o suficiente para manter o ambiente limpo.
Atualizada às 15h56.
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