VIDA URBANA
Túmulos de personalidades atraem centenas de visitantes em João Pessoa
Túmulos da menina Maria de Lourdes, do padre Zé Coutinho e de políticos como Tarcísio Burity e Mariz foram muito procurados.
Publicado em 02/11/2015 às 14:22
Além de visitar os túmulos dos entes queridos, nesta segunda-feira (2), as pessoas aproveitaram o feriado de finados para visitar os túmulos de personalidades, de pessoas que marcaram a história de João Pessoa e que que foram sepultados no Cemitério Senhor da Boa Sentença, localizado no bairro do Varadouro. Nomes como Maria de Lourdes, do padre Zé Coutinho e dos políticos Tarcísio Buriti, Antônio Mariz e Rui Carneiro, são exemplos disso
Um dos túmulos mais visitados foi o da menina Maria de Lourdes que, segundo fiéis, opera milagres. Ela morreu na década de 60, quando tinha 13 anos de idade, espancada porque foi acusada de roubo, pelos patrões da residência onde trabalhava como doméstica. O túmulo da menina tem uma boneca de pano que a representa e dezenas de flores e velas ao redor. Pessoas como a doméstica Tereza de Jesus, 63 anos, todos os anos visitam o local.
“Faz 42 anos que acompanho o dia de finados, lembramos dos nossos entes todos os dias, mas é um dia especial, para aqueles que vivem em busca de uma vela acessa no dia de hoje. Sempre acendo no túmulo da menina Maria de Lourdes, já alcancei graças impossíveis, ela é uma santa milagrosa por tudo que sofreu”, destacou.
De acordo com a doméstica aposentada, Maria de Lordes Lima, 83 anos, a túmulo da menina é parada obrigatória e a vela é uma forma de trazer luz “Dependendo da fé, a pessoa alcança o milagre, no dia de finados trago a oração para que os mortos encontrem a paz. A menina Maria sofreu e já está com Deus, e por isso que eu acredito nos seus milagres”, pontuou
Já no túmulo do padre Zé Coutinho, conhecido pela enorme estátua branca do padre, a homenagem foi feita por Maria das Graças Melo, 66 anos, ela morou no Instituto padre Zé e hoje trabalha no local. “Todos os dias venho aqui. acho importante pois ele ajudou muito os pobres e continua ajudando, venho desde que ele faleceu, há 42 anos, acompanhei a trajetória dele”, ressaltou.
Túmulo do padre Zé Coutinho é um dos mais visitados no Boa Sentença/ Foto: Francisco França
Um momento de lembrar e homenagear
“Devemos fazer memória de pessoas vivas, não é a morte que cultuamos, mas sim a vida, agradecendo a Deus os estágios que os nossos entes queridos passaram na terra. O importante é nos prepararmos para a vida límpida, transparente, de caridade e amor. Uma vida serviçal, o que tiver que fazer tem que ser feito em vida”, esta foi a mensagem que o Arcebispo da Paraíba, Dom Aldo Pagotto, durante a missa celebrada no Cemitério Senhor da Boa Sentença, que possui mais de 8 mil túmulos.
Depois de assistir à missa, as pessoas se dirigiram aos túmulos, muitos traziam flores, arranjos, fotos, velas e pertences dos entes queridos, assim como fez a professora Nazaré Vasconcelos, 63 anos. Há 30 anos, ela repete o mesmo hábito, para ela é uma tradição que deve ser passada de pai para filho. “É um momento importante, de trazer oração, calor humano e amor. Todos os anos venho com minha filha e irmãs, para nós é uma tradição”, pontuou.
Arcebispo da Paraíba, Dom Aldo Pagotto, no momento da celebração da missa/ Foto: Francisco França
Em alguns casos, um mesmo túmulo abriga restos mortais de uma família inteira e ainda de amigos. Esse é o caso da funcionária pública federal, Maria da Penha Gomes, 60 anos, no túmulo do pai, construído há mais de 20 anos, encontra-se restos mortais de mais de 10 pessoas , entre elas, os da mãe, irmão e amigos que não tinham condições de ter um local no cemitério. “O túmulo é como se fosse comunitário. Sempre cabe mais um. Aqui tem pessoas amigas que não tem onde colocar, a gente coloca porque isso aqui não vale nada, o que vale na vida é a ação, a atitude e o que a gente deixa. No dia de finados sempre venho, faço questão”, falou emocionada.
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