ECONOMIA
Construção vai manter expansão
Representantes do setor e do mercado imobiliário apontam para uma acomodação dos preços e demanda permanentemente aquecida.
Publicado em 03/05/2014 às 6:00 | Atualizado em 29/01/2024 às 12:31
A construção civil na Paraíba deverá crescer bem acima do Produto Interno Bruto (PIB) nacional previsto para 2014, porém com um leve recuo em relação ao ano passado. Essa é a expectativa dos representantes do setor e do mercado imobiliário, que apontam para uma acomodação do mercado e dos preços, com uma demanda permanentemente aquecida tanto pelo público atendido pelo programa governamental Minha Casa, Minha Vida quanto o que busca imóveis de alto padrão.
No ano passado, o faturamento da indústria da construção cresceu 19,7% em João Pessoa, e 13% em Campina Grande. Já as vendas de imóveis expandiram menos em 2013 (7,98%) sobre o ano anterior. Somente de vendas residenciais nas duas maiores cidades do Estado, o faturamento ultrapassou R$ 2,2 bilhões.
Contudo, no primeiro bimestre deste ano, as vendas continuam ainda bem aquecidas em faturamento (36%) e nas vendas de imóveis (25%) na capital paraibana, com lançamentos antecipados para evitar baixa na Copa do Mundo. No total, os profissionais do ramo faturaram R$ 349,6 milhões no bimestre; no mesmo intervalo no ano passado, o resultado foi de R$ 255,7 milhões, segundo levantamento realizado pelo tecnólogo em negócios imobiliários Fábio Henriques, do Sindicato das Indústrias da Construção Civil em João Pessoa (Sinduscon-JP).
Mas esse resultado pode não se refletir no restante do ano: como a procura deve cair no período entre a Copa do Mundo e das eleições, as empresas da construção civil estão antecipando os lançamentos no mercado.
“Por um lado, temos uma produção menor por causa dos eventos esportivos, porque nesse período a população para”, conta o corretor Fábio Henriques.
“Por outro temos as eleições, que envolve uma situação um pouco mais complexa: existem muitos consumidores que possuem cargos comissionados no governo, e como o período é de incerteza em relação à manutenção dos empregos, as vendas naturalmente caem. Foi o que ocorreu nas últimas eleições para prefeito, o período entre agosto e outubro foi horrível, mas depois normalizou”, explica.
Outro fator que favoreceu o crescimento é que em 2013 os resultados nos primeiros meses do ano foram baixos. No ano, a construção civil no Brasil teve um crescimento de 1,9%, enquanto o PIB cresceu 2,3% – embora, em João Pessoa o crescimento tenha sido de 5,5% em 2013 e, em Campina Grande, tenha atingido 13%, segundo números dos sindicatos municipais. Para Irenaldo Quintans, o ano de 2014 não deverá trazer grandes surpresas, mesmo com as variáveis Copa 2014 e eleições.
“Ao contrário de muitas cidades no Brasil, onde o mercado imobiliário já apresenta fadiga, em João Pessoa os preços estão se estabilizando e o volume de vendas continua positivo. Este ano deve fechar com um crescimento acima do PIB. A expectativa é otimista”, explica.
“Nos próximos cinco anos, 40 milhões de brasileiros devem comprar ou trocar o imóvel; há uma forte demanda projetada”, diz.
Lamir Motta, presidente do Sinduscon-CG, diz que os quatro meses de baixas vendas que compreendem a Copa do Mundo e as Eleições deverão ser compensados nos demais. “Já foram realizados dois feirões da casa própria este ano”, fala. “É difícil prever de quanto será o resultado em 2014 em Campina Grande, mas certamente haverá crescimento”, garante.
'MINHA CASA'
O programa governamental de financiamento com juros baixos para a população de menor faixa salarial ainda é um dos carros-chefes do mercado local. “O 'Minha Casa, Minha Vida' tem sido responsável por uma quantidade fabulosa de vendas”, conta Jarbas Araújo, presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis da Paraíba (Creci-PB). Fábio Sinval, presidente do Sinduscon-JP, confirma que o programa é “a principal alavanca do mercado imobiliário. Temos um grande movimento na economia por conta disso”.
Já Henriques acredita que são os imóveis de alto padrão que devem puxar o mercado nos próximos anos. “O programa contribui, mas o crescimento maior tem sido de imóveis para a classe média e média alta, principalmente grandes empreendimentos”, revela.
Mercado potencial
Outra movimentação importante, segundo Quintans, é o crescimento do parque industrial entre João Pessoa e Recife, que deve impactar as vendas e aluguéis de imóveis. Para Quintans, essa é uma variável independente da Copa e das eleições que deve trazer bons resultados para João Pessoa.
“A Copa em si tem pouco impacto nas vendas, ela está mais relacionada ao setor de turismo. Mas o crescimento do parque industrial nas cercanias de João Pessoa é algo que estamos de olho”, afirma.
Henriques espera que o crescimento industrial se reflita tanto nos aluguéis de imóveis – por parte dos empresários que vêm à região – quanto no consequente aquecimento do mercado por conta da geração de empregos e melhoria do poder aquisitivo dos trabalhadores.
RISCO DA INFLAÇÃO
Para essa engrenagem favorável à Paraíba funcionar, entretanto, é necessário que a inflação seja mantida sob controle. E esse é um dos maiores problemas enfrentados pelo governo federal, já que a expectativa de inflação para o final do ano rompeu a meta dos 6,5%.
Com isso, os preços sobem e puxam o custo de vida, os salários perdem valor e o consumo cai. “Fazemos um apelo para as autoridades monetárias não permitirem a alta da inflação, do contrário teremos um cenário péssimo para os negócios”, conclui Quintans.
Comentários