SAÚDE
O que o caso de Edu Guedes nos ensina sobre o câncer de pâncreas?
Publicado em 11/07/2025 às 7:34

Nos últimos dias, a notícia de que o apresentador Edu Guedes foi diagnosticado com câncer de pâncreas acendeu um alerta em muita gente. Carismático, sempre presente em programas de culinária, Edu surpreendeu ao compartilhar que descobriu o tumor de forma precoce — e que está confiante no tratamento.
Mas será que todos devem correr para fazer exames? A resposta é: não necessariamente.
Um câncer raro, mas desafiador
O câncer de pâncreas representa cerca de 2 a 3% de todos os casos de câncer no Brasil. Ou seja, é raro. O grande desafio está no fato de que os sintomas costumam ser inespecíficos no início, como:
• Dor abdominal persistente ou nas costas
• Perda de peso sem explicação
• Falta de apetite
• Pele e olhos amarelados (icterícia)
• Fezes claras e urina escura
Esses sintomas podem estar relacionados a diversas outras condições benignas, o que torna o diagnóstico mais difícil e, muitas vezes, tardio.
Rastrear todo mundo não é o caminho
Ao contrário de outros tipos de câncer, como o de mama ou o de colo do útero, não se recomenda rastreio de rotina para câncer de pâncreas em pessoas sem sintomas e sem fatores de risco.
Isso porque:
• Os exames podem gerar falsos positivos, ou seja, apontar um problema que na verdade não existe.
• Isso leva a biópsias, cirurgias ou tratamentos desnecessários, com riscos reais à saúde.
• Não há evidência de que o rastreio populacional reduza a mortalidade por esse tipo de câncer.
Rastreio só é indicado para grupos específicos, como pessoas com:
• Histórico familiar forte (vários casos de câncer pancreático na família)
• Síndromes genéticas raras
• Pancreatite hereditária ou crônica
• Mutação BRCA2 (mesma ligada a alguns tipos de câncer de mama)
Se você não se encaixa nesse grupo, a melhor prevenção é cuidar da saúde como um todo e estar atento aos sinais do corpo.
O pâncreas é um órgão essencial para o funcionamento do nosso corpo

Ele atua de duas formas fundamentais: produz enzimas que ajudam na digestão dos alimentos e hormônios como a insulina, que controla o nível de açúcar no sangue. Ou seja, o pâncreas participa tanto do processo de quebrar os alimentos para absorção dos nutrientes quanto do equilíbrio da glicose — sendo peça-chave na prevenção de doenças como o diabetes. Mesmo sendo discreto e pouco lembrado, ele é indispensável para a nossa saúde.
Diagnóstico e tratamento
Quando o câncer é diagnosticado precocemente — como no caso de Edu Guedes —, há mais chances de cirurgia e cura.
Os exames mais utilizados para investigação são:
• Tomografia computadorizada
• Ressonância magnética
• Ultrassonografia endoscópica com biópsia
O tratamento depende do estágio da doença e pode envolver cirurgia, quimioterapia, radioterapia ou terapias-alvo.
Informação é o melhor cuidado
Diante de casos públicos como o de Edu Guedes, é comum que muitas pessoas se preocupem. Mas é importante lembrar:
- Não há motivo para pânico.
- A maioria das dores abdominais ou desconfortos digestivos não têm relação com câncer.
A melhor atitude é estar atento, manter hábitos saudáveis, evitar o tabagismo, controlar o diabetes e conversar com seu médico sempre que algo parecer fora do normal.
Quer saber se seus sintomas merecem atenção? Faça o teste aqui.
Você deve procurar um médico?
Marque as alternativas que se aplicam a você:
- Perda de peso sem explicação
- Dor abdominal persistente ou nas costas
- Pele ou olhos amarelados (icterícia)
- Histórico familiar de câncer de pâncreas
- Fumante ou diagnóstico de pancreatite crônica
Resultado:
- 0 respostas: 👍 Fique tranquilo. Mantenha seus exames e consultas em dia.
- 1 resposta: ⚠️ Pode não ser nada grave, mas vale observar.
- 2 ou mais: 🚨 Procure orientação médica para avaliação mais detalhada.
Dr. André Telis é médico, professor da UFPB
Colunista do Saúde Alerta
Apresentador da coluna na CBN e no Jornal da Paraíba
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