Remanejamento de verba do meio ambiente para software gera debate na Câmara de João Pessoa

O pedido do prefeito Cícero Lucena (PP) para remanejar R$ 1,7 milhão do orçamento destinado a ações ambientais para a compra de um software provocou um debate acalorado na sessão desta terça-feira (26), na Câmara Municipal de João Pessoa

O líder da oposição, Milanez Neto (MDB), criticou duramente a medida e questionou o prefeito. Segundo o parlamentar, a retirada de recursos da área ambiental ocorre em um momento sensível, após dias de fortes chuvas que causaram transtornos em diversas comunidades da capital.

"É algo inacreditável. Nós vivemos agora três dias de chuvas. A cidade inundou, a praia da Penha, o rio do Cabelo, inundou as casas, se degradou o rio, botaram máquina dentro e escavando o rio, e agora vai se tirar um milhão e setecentos para compra de software?", questionou.

A crítica encontrou eco não apenas entre oposicionistas, mas também entre vereadores da própria base governista. Fábio Carneiro (Solidariedade) e Jailma Carvalho (PSB), por exemplo, votaram contra a proposta, reforçando o desconforto gerado pelo tema.

Defesa do remanejamento

O líder do governo, vereador Odon Bezerra (PSB), ponderou que a prefeitura tem sido eficiente na área da gestão ambiental, mencionando o programa de plantação de 500 mil árvores na capital e remanejamento de comunidades ribeirinhas para áreas seguras, e disse que o dinheiro não deve comprometer esse trabalho.

"R$ 1,7 milhão é um pingo no oceano. Significa que há um superávit nessa defesa e que se coloque em outras secretarias. Fico muito tranquilo pelo que está sendo feito em João Pessoa pelo meio ambiente, a preocupação da prefeitura e na preservação do meio ambiente", justificou o governista.

Quem também saiu publicamente em defesa da gestão foi o vice-líder da situação, Raoni Mendes (DC). Ele disse que o valor remanejado representa apenas 0,032% do orçamento total e garantiu que as políticas ambientais não serão prejudicadas.

Contrato de R$ 8 milhões

O Conversa Política apurou que a prefeitura assinou, no dia 26 de maio deste ano, um contrato com uma empresa de licença de softwares para atender as necessidades da Secretaria de Administração (SEAD), no valor de R$ 8 milhões. Foi contratada a empresa Cs Cad Cam Serviços de Software Ltda, de São Paulo, através de adesão a uma ata de registro de preço do estado do Paraná.