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SAÚDE

Entenda como as telas e as pressões sociais têm afetado a saúde mental dos jovens

Especialista reforça o papel da família nessa fase. Série do Bom Dia Paraíba mostra relação entre uso excessivo de redes sociais e a ansiedade.

Publicado em 30/10/2025 às 7:10


				
					Entenda como as telas e as pressões sociais têm afetado a saúde mental dos jovens
Segundo o psicólogo Filipe Colombini, especialista em orientação parental e atendimento de crianças, jovens e adultos, o uso excessivo das telas tem afetado sensivelmente o comportamento e o desenvolvimento emocional dos adolescentes:. Reprodução/Unsplash

O Brasil é o país com maior número de pessoas com transtornos de ansiedade na América Latina, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). E entre os jovens, o cenário é ainda mais preocupante: um em cada cinco apresenta algum tipo de sofrimento mental. Entre as causas mais apontadas estão o uso excessivo das telas, o bullying e as pressões por aparência e sucesso impostas pelas redes sociais.

O Ministério da Saúde adota a convenção estabelecida pela OMS, que define a adolescência como o período entre 10 e 19 anos, 11 meses e 29 dias, e a juventude como faixa dos 15 aos 24 anos. Assim, os anos finais da adolescência se sobrepõem aos iniciais da juventude.

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Um levantamento divulgado pelo Ministério da Saúde, realizado entre 2014 e 2024, revelou um aumento superior a 1.500% nos atendimentos do SUS relacionados a transtornos de ansiedade entre adolescentes de 10 a 14 anos. Entre jovens de 15 a 19 anos, o crescimento foi ainda mais alarmante, mais de 3.000% em dez anos. Segundo dados do Governo da Paraíba, o estado registrou 1.554 atendimentos de jovens por violência autoprovocada ou tentativa de suicídio nos últimos dois anos, totalizando uma média de dois casos por dia.

Especialistas ouvidos pelo Jornal da Paraíba alertam que o tempo conectado e a comparação constante têm alterado o comportamento e a autoestima de adolescentes, além de interferir no sono e no rendimento escolar, e pode estar contribuindo para a deterioração da saúde mental de uma geração.

A vida em torno das telas

Segundo o psicólogo Filipe Colombini, especialista em orientação parental e atendimento de crianças, jovens e adultos, o uso excessivo das telas tem afetado sensivelmente o comportamento e o desenvolvimento emocional dos adolescentes: “Tudo o que é excessivo traz prejuízos, e com as telas não é diferente. Elas concentram uma série de estímulos num único espaço, de fácil acesso e consumo, o que pode gerar dependência, impulsividade e reduzir a criatividade.

Segundo a Pesquisa TIC Kids Online Brasil 2025, atualmente, 92% das crianças e adolescentes brasileiros entre 9 e 17 anos utilizam a internet, um total de 24,5 milhões de pessoas. De acordo com Filipe, o impacto na saúde mental é ainda maior pelo contato com as redes sociais, onde o adolescente interage com a tela e se expõe a comparações e conteúdos que nem sempre são adequados.

“As redes criam bolhas, reforçam padrões e adultizam precocemente. O jovem passa a comparar corpos, estilos de vida, bens materiais, amizades… e isso pode gerar baixa autoestima, isolamento e até transtornos alimentares e de imagem. Nessa fase da vida, o desejo de pertencimento é forte e a aprovação dos pares pesa mais do que a dos pais”, alertou o psicólogo.

Segundo o guia do Governo Federal “Crianças, Adolescentes e Telas: Guia sobre o Uso de Dispositivos Digitais”, divulgado em 2025, o acesso às telas deve ocorrer de forma gradual, acompanhando o desenvolvimento e a autonomia da criança ou do adolescente.

O documento traz as seguintes orientações:

  • crianças menores de 2 anos não devem utilizar telas ou aparelhos digitais, exceto para videochamadas com familiares, e sempre com a supervisão de um adulto;
  • antes dos 12 anos, não é recomendado que crianças tenham smartphones próprios. Quanto mais tarde ocorrer essa aquisição, melhor;
  • o acesso a redes sociais deve respeitar a faixa etária indicada pela Classificação Indicativa, disponível nas lojas virtuais dos aplicativos. O guia reforça que a maioria das redes sociais não foi projetada para crianças e pode incentivar o uso excessivo e problemático. Além disso, a presença de crianças nessas plataformas pode gerar pressão social sobre outras, que temem ficar de fora;
  • durante a adolescência (12 a 17 anos), o uso de dispositivos eletrônicos, aplicativos e redes sociais deve ocorrer com acompanhamento de familiares ou educadores;
  • o uso não pedagógico de telas no ambiente escolar, em qualquer etapa de ensino, pode prejudicar o aprendizado e o desenvolvimento;
  • as escolas devem avaliar com cuidado o uso de celulares e tablets para fins pedagógicos, evitando o uso individual desses aparelhos na Primeira Infância;
  • também se recomenda que as escolas não proponham tarefas que estimulem a posse de celulares próprios ou o uso de aplicativos de mensagem por crianças menores de 12 anos;
  • o uso de dispositivos digitais para fins de acessibilidade deve ser incentivado em qualquer faixa etária, especialmente para crianças e adolescentes com deficiência.

O papel da família e os limites necessários

Filipe alertou para um erro comum: o distanciamento dos pais na adolescência. “Existe um mito de que o adolescente é um ‘aborrecente’. Muitos pais se afastam e deixam de se conectar. É uma nova fase, e os pais precisam desenvolver flexibilidade psicológica para continuar sendo referência”, disse o psicólogo. Essa proximidade é fundamental para identificar sinais de alerta. Mudanças de humor, irritação e isolamento são alguns dos indícios.

“É importante acolher o que o filho sente, validar as emoções, mas sem deixar de impor regras e limites. Uma coisa não exclui a outra. O papel dos pais é ajudar o filho a entender que sentir é humano, e que emoções difíceis também ensinam. Por isso, os pais precisam buscar suporte, fazer orientação parental, pedir ajuda quando necessário”, orientou.

Onde buscar ajuda gratuitamente

Quem enfrenta sinais de sofrimento emocional ou transtornos mentais pode procurar atendimento gratuito nos serviços públicos de saúde:

- Centro de Referência e Cuidado à Vida: localizado na Policlínica Municipal de Jaguaribe, oferece acolhimento e atendimento para pessoas com depressão. O serviço funciona de segunda a sexta, das 8h às 17h, por demanda espontânea (sem necessidade de encaminhamento). A equipe é multiprofissional, com médico psiquiatra, psicólogo, assistente social, terapeuta ocupacional, enfermeiro, farmacêutico e nutricionista, além de grupos terapêuticos voltados ao enfrentamento da depressão.

- CAPS (Centros de Atenção Psicossocial): indicados para pessoas com transtornos mentais persistentes ou uso abusivo de álcool e outras drogas. O atendimento é gratuito, pelo SUS, e pode ser espontâneo ou por encaminhamento das Unidades de Saúde da Família (USF). Nos CAPS, os usuários recebem acompanhamento médico, psicológico, social e participam de oficinas e atividades culturais. O CAPS Infantojuvenil Cirandar é voltado a crianças e adolescentes de 3 a 17 anos com transtornos mentais ou uso de substâncias.

- Situações de crise em saúde mental: o atendimento de urgência e emergência é feito no Pronto Atendimento em Saúde Mental (PASM), anexo ao Complexo Hospitalar de Mangabeira, referência para o público adulto, e no Hospital Municipal do Valentina, que atende crianças e adolescentes.

- CPICS (Centros de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde): oferecem terapias naturais que estimulam o equilíbrio físico e emocional, sem uso de medicação. Os serviços ficam nos bairros Bancários (Equilíbrio do Ser) e Valentina de Figueiredo (Canto da Harmonia).

- Programa Saúde em Movimento: promove atividades físicas e práticas de bem-estar em mais de 30 pontos da cidade, como praças, academias de saúde e USFs. Para participar, basta procurar uma USF e realizar o cadastro com a equipe.

- CVV (Centro de Valorização da Vida): oferece apoio emocional gratuito, anônimo e 24 horas pelo telefone 188 ou no site cvv.org.br.

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Jhonathan Oliveira

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