PLENO PODER
Greve na UEPB: paralisação completa dois meses e luz no fim do túnel ainda parece distante
Professores reivindicam pagamentos retroativos das progressões de carreira, recomposição salarial e novos concursos.
Publicado em 22/11/2025 às 8:00 | Atualizado em 22/11/2025 às 13:06

A greve dos professores da UEPB completa dois meses de instauração neste sábado (22). A paralisação começou, de forma oficial, no dia 22 de setembro e, de lá para cá, não houve muitos avanços significativos para o retorno das atividades nos oito campi da instituição.
Entre os motivos para a greve, o destaque maior vai para o pagamento retroativo das progressões funcionais. Mas outros tópicos como a convocação de novos concursos, a recomposição salarial (22,97%) e o respeito à Lei da Autonomia da UEPB também estão entre os pedidos.
Por mais que tenha sido aprovada no dia 18 de setembro e instaurada no dia 22 do mesmo mês, já fazia quase um ano que a greve dos professores era um risco iminente.
Em 1º de outubro de 2024, em assembleia geral da Associação dos Docentes da Universidade Estadual da Paraíba (Aduepb), foi aprovado um indicativo de greve, que foi mantido até o decreto oficial da paralisação.
De acordo com a professora Elisabete Vale, presidente da Aduepb, a promoção do diálogo nunca foi recíproca por parte do Governo do Estado, e que os secretários de estado receberam o sindicato apenas duas vezes.
"Os secretários (Gilmar Martins e Cláudio Furtado) discutiram apenas um ponto de pauta, que foi o retroativo. Nessa reunião, que aconteceu no dia 7 de outubro, mostramos aos secretários que a pauta da greve era muito maior e solicitamos uma nova reunião para discutir a greve como um todo. Os secretários se comprometeram a termos uma nova reunião tão logo eles conversassem com o governador. Até agora, isso não aconteceu", disse Elisabete Vale.
Propostas do Governo e da Reitoria
Em 28 de outubro, mais de um mês depois do início da greve, o Governo apresentou uma proposta para tentar dar um fim à paralisação. A ideia era a atualização do valor retroativo pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), um deságio de 40% sobre o novo valor e o parcelamento do restante da dívida em 30 vezes.
A proposta foi recusada pelo comando de greve.
No dia 4 de novembro, a Reitoria da UEPB apresentou uma proposta similar àquela apresentada pelo Governo, que já havia sido rejeitada. Os termos do acordo proposto eram praticamente os mesmos, com a diferença da diminuição do parcelamento de 30 para 24 meses.
No dia seguinte à publicação da Reitoria, o comando de greve rechaçou a proposta.
Mediação do Poder Legislativo
No dia 10 de outubro, uma audiência pública foi convocada na Assembleia Legislativa (ALPB) para discutir a greve docente da UEPB. No entanto, por mais que os professores tenham tido espaço para falar publicamente, a deputada Cida Ramos (PT), que propôs a audiência, foi a única parlamentar a comparecer.
Na sequência, foi protocolado na ALPB um pedido para a convocação de uma sessão especial com o intuito de mediar o debate entre comando de greve, Reitoria e Governo do Estado. O pedido foi aceito pelo presidente da casa, Adriano Galdino (Republicanos), e a sessão aconteceu no dia 18 de novembro.
Dessa vez, parlamentares governistas e de oposição compareceram à casa de Epitácio Pessoa e fizeram uso da palavra em defesa dos docentes da UEPB. No entanto, nem os secretários de estado e nem a reitora da instituição compareceram à sessão. E a ideia inicial de uma sessão de mediação acabou caindo por terra.
Mas, se é possível enxergar algo positivo na situação da UEPB, os deputados se comprometeram a intensificar as tentativas de diálogo com o governador João Azevêdo (PSB), com o proposito de formar uma mesa tripartite, reunindo Governo, Reitoria e comando de greve.
Fato é que já são dois meses em que professores, alunos e a sociedade paraibana em geral assistem uma das mais importantes instituições do estado com suas atividades suspensas. E o histórico recente das greves na UEPB não dá margem para acreditar que uma solução para o problema esteja próxima de aparecer.
Texto: Gabriel Abdon

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