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Provas de concursos estão mais difíceis, revelam candidatos
Grau de dificuldade tem surpreendido concurseiros.
Publicado em 19/12/2010 às 8:00
Jacqueline Santos
Do Jornal da Paraíba
Ao prestar o concurso da prefeitura de Pedro Régis, pequeno município paraibano, o candidato Eduardo Madruga, que já se preparou para diversos certames na esfera federal, ficou surpreso com o grau de dificuldade da prova.
Com a enxurrada de editais de processos seletivos, por determinação do Ministério Público da Paraíba, surge também uma maior exigência nas avaliações. Ao contrário do que muitos candidatos pensam, o nível de complexidade dos exames têm aumentado e os testes exigem uma preparação cada vez maior dos candidatos.
Muitos concursos de prefeituras paraibanas são elaborados por organizadoras locais, consideradas menos exigentes no processo de seleção. No entanto, observa-se que o quadro tem se modificado, com as empresas apertando o cerco aos concorrentes e, assim, elevando a qualidade dos conteúdos.
Textos longos e bem elaborados e cobrança de uma didática diferente do que se vê nos livros de ensino fundamental e médio são as principais mudanças nas provas de Língua Portuguesa, aponta a professora Soraia Alves, que trabalha com a parte de interpretação de texto e redação para concursos. Conteúdos específicos e informática também ganham incrementos que exigem mais esforço dos concorrentes.
Entre as instituições na lista das empresas responsáveis por elaborar certames de várias prefeituras municipais estão a Advise Consultoria e Planejamento e a Fundação Parque Tecnológico da Paraíba (PacTcPB), que foram citadas como algumas das mais exigentes por especialistas em cursinho preparatório para concurso.
“No caso da Fundação, ligada à Universidade Federal de Campina Grande, as provas são preparadas por professores universitários e cobram assunto extraído de literatura vista na universidade, pouco acessível à maioria dos candidatos em concursos, como aspectos de semântica, coesão referencial e sequencial. Rara nos livros da educação básica. A PacTcPB está voltada para a didática do vestibular”, explica.
Soraia Alves disse ainda que os certames de municípios pequenos têm reservado pouco espaço à abordagem gramatical, característica anteriormente típica das seleções promovidas por empresas de menor porte contratadas pelas prefeituras das pequenas cidades. O professor Vítor Freitas, que ministra aulas em cursinhos voltados para concursos, confirma um aumento no grau de dificuldade visto nas seleções das prefeituras municipais, em especial da Paraíba, e atrela a mudança à lei da oferta e da procura, que exige das organizadoras uma elevação na qualidade das provas de seleção pública.
“Se você pretende contratar um funcionário para sua empresa, certamente vai escolher o que mais se destaca, o melhor. Da mesma forma está acontecendo com o funcionalismo público. As organizadoras precisam cobrar mais dos candidatos para poder conquistar novos clientes (órgãos com vagas abertas) no futuro. Existe uma concorrência entre os próprios elaboradores, que desejam conquistar mais clientes e para tanto melhoram no nível das avaliações”, esclarece.
As vantagens
A professora Emannuelle Rolim informou que a mudança no perfil das elaboradoras é benéfica, de certa forma, para os concorrentes. Quanto mais alto o grau de dificuldade da prova, melhor o nível da disputa, valorizando assim aqueles que se prepararam melhor. Ela explica que a concorrência e o nível dos candidatos têm crescido à medida que mais concursos são lançados e o emprego público se torna mais atrativo.
Esse fator impulsiona as empresas elaboradoras a elevar o nível da prova. A adaptação objetiva evitar possíveis problemas nas seleções.
“Não há nenhuma desvantagem para o candidato que realmente está se preparando”, afirma a professora. “Para quem está estudando e sabendo o que quer, quanto mais bem feita a prova e sério for o certame, melhor, porque seleciona os mais bem preparados”, acredita.
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