VIDA URBANA
Decisão sobre retirada de camelôs da Lagoa deve sair nesta quarta
Promotor disse que até esta quarta-feira (12) tem alguma definição sobre o caso. Comerciantes serão transferidos para o Centro de Comércio e Serviços do Varadouro.
Publicado em 11/05/2010 às 8:31
Do Jornal da Paraíba
O comerciante Reginaldo Júlio vende tapiocas há 25 anos em uma barraca localizada no anel interno do Parque Solon de Lucena, em João Pessoa. Sua rotina, no entanto, pode ser alterada a qualquer momento, mediante uma decisão judicial que determina a retirada de Reginaldo e de outros 20 comerciantes informais da área.
O prazo extra concedido pela Justiça venceu no dia 3 de abril, mas, até agora, os comerciantes continuam no local. O promotor do Patrimônio em exercício, Rodrigo Pires, disse que até esta quarta-feira (12) tem alguma definição sobre o caso.
Segundo o secretário do Desenvolvimento Urbano do município, Lucius Fabiani, os comerciantes serão transferidos para o Centro de Comércio e Serviços do Varadouro (CCSV). “Os ambulantes que comercializam no anel interno estão em situação irregular e, por isso, devem ser retirados da área”, disse o secretário. Fabiani informou que aguarda o parecer da Procuradoria Geral do município e do Ministério Público para executar a decisão. “Vamos esperar o parecer, pois não queremos fazer algo e depois ter de reverter”, explicou.
Para Reginaldo Júlio, a decisão é cruel. “É um absurdo o que estão fazendo conosco. Estão tirando o sustento de pais e mães de famílias que trabalham com dignidade para não ver os filhos passando fome”, desabafou. Ele reclamou da falta de igualdade de tratamento entre os comerciantes das barracas e dos quiosques, também localizados na Lagoa. “Será que a lei só vale para os pequenos?”, questionou.
O comerciante e os três ajudantes garantem que não deixam o local, mesmo com decisão judicial. “Vamos protestar, nos mobilizar e só deixamos a área se todos saírem, porque não podemos admitir tanta desigualdade”, disse. Reginaldo paga R$ 13,50 mensalmente à associação e não se conforma com o que chama de perseguição. “Tem tanta coisa para resolver na cidade, por que mexer com quem está trabalhando”. Com dois filhos para sustentar, Reginaldo disse não ter outra fonte de renda além da venda de tapiocas.
Parte da população concorda com os comerciantes. O estudante Lucas Santos disse que considera a decisão desnecessária. “Não vejo motivos para retirar as barracas da área, vai ficar muito esquisito”, afirmou. A dona de casa Francisca Barbosa também não acha justo a mudança. “É muito bom ter as barracas aqui. Não sei por que mudar”, frisou. Para quem precisa esperar ônibus na Lagoa, a indignação é maior. “Vai ficar mais perigoso”, finalizou a vendedora Isabelly Lima.
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