VIDA URBANA
Obra atrasa na UFPB e ganha bolo de 4 anos
Professores e alunos de pós-graduação exigem conclusão de novas salas e laboratórios.
Publicado em 18/03/2015 às 6:00
Professores e alunos do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em João Pessoa, protestaram ontem contra o atraso nas obras do prédio que deveria comportar as novas salas e laboratórios do mestrado e doutorado de quatro cursos. Com um bolo e uma vela com o número 4 em mãos, os manifestantes cantaram parabéns para as obras, que foram orçadas em mais de R$ 1,8 mi, tiveram início há exatos quatro anos e tinham previstos 360 dias para o seu término. Segundo a reitora Margareth Diniz, a previsão é que uma nova empresa seja contratada nos próximos dias.
De acordo com o professor Ricardo Lucena, do PPGE, a prestação de um serviço de qualidade é uma exigência da instituição cumprida pelo corpo docente, no entanto a contrapartida, que deveria ser a oferta de uma estrutura de qualidade, é uma parte que não é executada pela reitoria. “Nós damos aula, fazemos pesquisa, orientamos alunos, escrevemos texto, realizamos extensão, fazemos a nossa parte. E na hora de ter as condições adequadas de trabalho... Estamos aqui hoje porque não vemos mais homens trabalhando e estamos sem resposta. Hoje faz quatro anos do início dessa obra que, por não ser entregue, nos faz viver sob condições de precarização. É uma pena que nós e a universidade pública brasileira tenhamos que viver com esse tipo de coisa”, lamentou.
O protesto dos docentes e alunos não tem apenas motivação na expectativa de ocupar um prédio novo. O principal problema é que, atualmente, estão tendo aulas sob uma estrutura precária. Nas salas de aula, fiações elétricas expostas, portas quebradas, pisos com pontos em que a cerâmica está quebrada e aparelhos de ar condicionado que há tempos não funcionam ou que não dão conta do calor da capital são apenas alguns dos problemas que podem ser observados quando se vai até o local. A representante dos alunos doutorandos, Maíra Espíndola, é uma das estudantes que lamentam a situação. Ela terminou seu mestrado no local e faltando dois anos para o término do seu doutorado ainda não tem perspectiva de quando os alunos e professores poderão desfrutar do espaço.
“Quando eu defendi meu mestrado, o data show estava verde, porque estava quebrado. Vêm professores de fora e se deparam com essas condições, com um auditório que tem um pedaço de papelão no teto para tapar um buraco. São questões diversas que não impossibilitam, porém seria mais fácil se tivéssemos condições físicas para poder passar mais tempo com conforto para estudantes e professores. Eu espero um dia poder ver essa obra concluída”, comentou.
Apesar dos diversos pedidos feitos à prefeitura quanto a melhorias nas condições físicas, de acordo com o coordenador do PPGE, Erenildo João Carlos, pouco se podia fazer para mudar a situação, pois a perspectiva concorria para a entrega do novo prédio. Ele explicou que, atualmente, essa é a maior pós-graduação da UFPB e comporta 250 estudantes, 47 professores e seis servidores, mas que possui apenas três salas de aula.
HERANÇA DE GESTÕES ANTERIORES
Conforme a reitora da UFPB, Margareth Diniz, a construção do prédio que comportará quatro pós-graduações do Centro de Educação é um projeto da gestão anterior. Ela comentou que o maior problema dessas obras da antiga gestão era se pensar apenas no projeto arquitetônico e não nos complementares, tornando a obra uma 'casca de ovo', como definiu. Além desse problema, houve desistências por parte das empresas escolhidas para realizar os trabalhos.
“A primeira empresa que começou o serviço desistiu. Depois chamamos a segunda, que desistiu também. Agora estamos junto à Procuradoria de Justiça encontrando uma solução para chamarmos uma terceira empresa. Se essa não aceitar, teremos que entrar novamente no processo licitatório”, explicou.
A reitora ainda destacou que esta não é a única obra parada provinda da gestão anterior. Segundo ela, que reconheceu este como um grande problema vivenciado na instituição, ao todo são 50 obras aguardando a conclusão, sem falar de outras que, com menos de cinco anos de prontas, já estão apresentando problemas.
“São muitos os problemas que observamos. Essa é uma herança que trazemos, mas que garantimos que vamos completar. Além disso, pensamos à frente e hoje [ontem] estou em Brasília e aqui conseguimos mais R$ 13 milhões em recursos que empenharemos em novas obras, imprescindíveis para o crescimento da universidade. Esperamos que possamos superar esses problemas e começar a discutir a universidade em outro patamar”, salientou.
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