VIDA URBANA
'Academias' de treino que funcionam nas areias são irregulares
Por ser uma área da União, a ocupação dessas localidades por profissionais de Educação Física ou outros profissionais, para exploração de ordem financeira, é irregular.
Publicado em 08/02/2015 às 8:04
A prática de atividades físicas tem ganhado cada vez mais adeptos, dos quais muitos buscam fugir da rotina imposta por academias e procuram por outras alternativas, como os treinos ao ar livre. Seja no início ou no fim do dia, é comum ver nas areias das praias de João Pessoa diversos grupos realizando os chamados treinos funcionais, ocupando por diversas horas trechos da faixa de areia. De acordo com a Superintendência do Patrimônio da União, a ocupação é irregular, no entanto já existem propostas para regularizar essas ‘academias ao ar livre’.
Cansado da rotina de academias e ansiando retornar a uma rotina mais saudável, o empresário Felipe Barthus escolheu há cerca de dois meses começar a praticar o treinamento funcional. Ele sempre teve uma vida saudável, frequentava academias de ginástica e fazia caminhada na praia, porém a rotina de um mesmo ambiente e de exercícios repetitivos em máquinas o cansou, passando, então, a ter uma vida um pouco mais sedentária.
Ao caminhar pela praia, o empresário encontrou um grupo de treino funcional, o Grupo Saúde. Lá, ele viu a oportunidade de fazer uma aula experimental e decidiu que essa seria a atividade física que passaria a praticar a partir de então. “Eu procurei um cardiologista, fiz todos os exames e vim fazer a aula experimental, porque eu queria fugir um pouco da rotina da academia. Comecei há cerca de dois meses e estou gostando bastante do treino”, comentou.
Assim como ele, a estudante Karina Cassiano também viu no treino ao ar livre uma oportunidade atrativa de não ficar no sedentarismo. “Eu estava parada e achei bem atrativa essa possibilidade de fazer exercícios na praia”, afirmou. Apesar de ter começado no treino funcional há apenas um mês, ela garante que os resultados já estão aparecendo. “Faz pouco tempo ainda, mas eu acho que os resultados já estão começando a aparecer. É puxado, mas vale a pena”, declarou.
Desde 2011 um trecho de cerca de 50 metros quadrados é ocupado pelo Grupo Saúde, uma equipe de treino funcional que hoje conta com uma média de 100 alunos por mês e funciona das 17h às 23h, três dias por semana. No local, equipamentos como cones, tatames, fitas elásticas e alteres demonstram que aquela é uma área de atividades físicas. Logo no fim da tarde começam a chegar os primeiros alunos, que optaram por uma rotina diferenciada de atividades físicas.
Segundo Verônica Navarro, mãe da fundadora do grupo, tudo começou com uma brincadeira entre amigos que queriam perder peso, então o negócio foi crescendo e hoje já é uma empresa registrada. Para dar andamento aos negócios, profissionais registrados fazem parte da equipe que é chefiada pela filha de Verônica, que também é educadora física. “Nós vemos muitos grupos aqui pela praia, mas nosso diferencial é o atendimento. Colocamos um professor para cada cinco alunos no máximo, e eles estão sempre perto dos alunos, corrigindo a postura, orientando como fazer os exercícios corretamente”, disse.
Verônica se orgulha do trabalho que foi construído por ela e sua filha, contudo afirma saber que o local é público e não pode ser ocupado de forma fixa por uma atividade física. Quanto a isso, ela explicou que a empresa Grupo Saúde já possui registro e a possibilidade de uma regularização da atividade, que ela comenta que já existe, é muito atrativa. “Olhe, se fala de uma regularização aí, e a gente acharia até melhor, porque atualmente a gente que limpa tudo aqui, nós que cuidamos do local, que muitas vezes fica muito sujo, principalmente depois de fins de semana, e sem manutenção”, completou.
Ocupações são irregulares
Por ser uma área da União, a ocupação dessas localidades por profissionais de Educação Física ou de alguma outra área é irregular, conforme a superintendente do Patrimônio da União, Joana Bronzeado. Ela explicou que todas as atividades de ordem financeira ali exercidas atualmente estão irregulares.
“Atualmente, toda essa questão está sendo discutida pelo Projeto Orla, que já foi aderido pela grande maioria dos municípios da nossa faixa litorânea. Então, nos locais em que o projeto já está atuando, nós estamos fazendo um zoneamento de todo o espaço não somente para que seja utilizado para a prática de atividades físicas, mas outras também, como as
barracas, os guarda-sóis”, explicou.
Atualmente ainda não há previsão de quando e se eles serão regularizados, no entanto todos esses aspectos estão sendo discutidos, conforme a superintendente da SPU. “Eles estão irregulares hoje, então estamos fazendo reuniões para definir que instrumentos legais iremos utilizar para definir se eles serão retirados ou se permanecerão, de uma forma que fique melhor para todos”, complementou.
O diretor de fiscalização do Conselho Regional de Educação Física da Paraíba (Cref10), Francisco Martins, destacou que não é de responsabilidade do órgão a fiscalização quanto à prática de atividades físicas em espaços públicos, pois sua responsabilidade é ver se os profissionais que atuam são ou não regularizados. Apesar disso, o órgão pretende desenvolver ações junto a entidades responsáveis pelo controle dos espaços públicos para que haja o disciplinamento e controle desses locais.
Não existe um mapeamento de quem trabalha na orla de João Pessoa
Apesar de diariamente as atividades funcionarem por toda a orla de João Pessoa, de acordo com o Conselho Regional de Educação Física da Paraíba (Cref10), não existe um mapeamento de quantos profissionais atuam realizando os circuitos funcionais. O diretor do departamento de orientação e fiscalização do órgão, Francisco Martins, declarou que isso é devido à maioria dos trabalhos ali desenvolvidos serem ligados a academias próximas, o que dificulta um mapeamento preciso, por ser esta uma atividade de caráter periódico.
O diretor de fiscalização do Cref10 explicou que no último trimestre do ano passado foram realizadas fiscalizações que identificaram oito grupos, dos quais dois estavam irregulares. “As fiscalizações são rotineiras e o principal objetivo é observar a atuação de profissionais sem o registro profissional. É muito importante que sempre se procure a orientação de um profissional formado e registrado no Conselho, porque além do risco para a saúde ao exercer atividades físicas com profissionais desqualificados, o usuário ainda fica sem ter a quem recorrer diante do surgimento de um problema”, orientou.
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