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VIDA URBANA

Voluntários em ação pelo bem da natureza

 Atuação de ONGs vai de protestos contra derrubada de árvores à limpeza de praias.

Publicado em 02/01/2016 às 8:00

Derrubadas de árvores, poluição em rios, lixo nas ruas. Aos poucos, catástrofes evitáveis parecem ganhar força com a falta de punição ou fiscalização do poder público. Os vilões dessa história podem parecer distantes e invencíveis, mas isso não é motivo para que grupos e organizações não governamentais (ONGs) da Paraíba fiquem de braços cruzados. Dos mais novos aos mais antigos, eles driblam a falta de incentivos e agem como podem na luta pela harmonia da sociedade com a natureza.

Uma das mais antigas instituições ambientais do Estado é a Associação Paraibana de Amigos da Natureza (Apan). Fundada em 1978, teve como uma das grandes conquistas a luta pelo fim da pesca às baleias na costa paraibana na década de 1980, que deu origem à Lei Federal no 7.643/1987, que proibiu definitivamente a caça à baleia no país.

“Nosso objetivo sempre foi o da construção da consciência ecológica. Entendemos que a questão ambiental não é apenas legislação, mas principalmente a transformação das pessoas no sentido de se sentirem parte da natureza”, declarou a vice-presidente da Apan, Paula Frassinete.
Atualmente, além de campanhas em salas de aula, o grupo participa de ações constantes pela despoluição e proteção dos rios Gramame e Jaguaribe, além da desocupação de Areia Vermelha por embarcações e protestos contra a derrubada de árvores em João Pessoa.

A cidade de Cabedelo também conta com suporte de ONGs. Há 15 anos, a Associação de Apoio ao Trabalho Cultural, Histórico e Ambiental (Apôitchá) atua na cidade de Lucena com iniciativas nas áreas de educação, saúde e natureza. Uma das mais importantes ações voltadas para o meio ambiente é o trabalho de reciclagem com crianças da comunidade.

“Com o nosso corpo de voluntários, fazemos limpezas urbanas nas imediações onde trabalhamos e produzimos artesanato. Queremos incentivar as crianças a reutilização de materiais através da arte”, declarou Victor Cayo, membro da associação. Os materiais recolhidos são os mais diversos, como CDs, caixas de papelão e garrafas de vidro.

A associação faz parte da Rede de ONGs da Mata Atlântica e venceu o Prêmio Itaú-Unicef 2005 graças ao trabalho de cidadania com crianças vítimas de violência doméstica e outras situações de risco. Mas atualmente, como muitas ONGs do Estado, não recebem incentivo financeiro suficiente.

“Temos um convênio, mas é muito limitado. Hoje vivemos de doações de alimentos, roupas, materiais de limpeza para prosseguirmos o nosso trabalho. Nosso grupo é formado apenas por voluntários, nossa infraestrutura passa por dificuldades”, comentou Victor.

O ecossistema marinho também tem seus guardiões. A ONG CatAção tem pouco mais de três anos de existência, mas já faz a diferença na Grande João Pessoa juntando lixo na orla e conscientizando ambientalmente a população. O grupo de voluntários é dividido em dois: um que atua na limpeza de praias em Cabedelo e outro em João Pessoa.

“Mais do que limpar, nossa intenção é conscientizar os banhistas para a importância de não jogar lixo na praia. Procuramos catar os resíduos na parte mais baixa da praia, para que a população veja e siga o exemplo”, comentou a coordenadora Sônia Gadioli. O grupo dialoga com a população sobre a importância de levar as sacolinhas e jogá-las em lixeira após o uso, do perigo daquele lixo para o bioma, o tempo de degradação de cada material na natureza.

O principal objetivo do grupo agora é expandir o trabalho, alcançar mais pessoas e outros segmentos. “Queremos ir em prédios da capital falando sobre reciclagem e coleta seletiva, queremos fazer palestras em escolas, ensinar a gentileza com toda a natureza de uma forma geral”, explicou.

Mãe do fundador do grupo, Sônia se diz orgulhosa de tê-lo ensinado desde cedo o amor pela natureza. “Ele sempre foi apaixonado pela praia do Cabo Branco e ficou triste quando viu a sujeira que estava por lá quando passou um tempo fora. Juntamos uns amigos e logo mais o grupo estava formado”, contou. “Hoje temos pessoas de várias cidades, profissões e faixa etária. É muito satisfatório essa troca de fazer ações que fazem bem pra alma”, concluiu.

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Jornal da Paraíba

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