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VIDA URBANA

Lares sem luz, esgoto, água e coleta de lixo

Em 2012, mais de 350 mil casas não tinham acesso aos serviços básicos na PB.

Publicado em 30/11/2013 às 6:00 | Atualizado em 04/05/2023 às 12:26

Em 2012, os serviços de abastecimento de água, esgotamento sanitário, coleta de lixo e iluminação elétrica não eram ofertados a 352.320 domicílios urbanos na Paraíba. Foi o que revelou a Síntese de Indicadores Sociais (SIS) 2013, divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Deste total de 352.320 domicílios, 96% não tinham esgotamento sanitário (338.227). O estudo ainda apontou que, para cada 100 domicílios com acesso simultâneo aos quatro serviços investigados, havia outros 58 sem acesso a, pelo menos, um deles. Na região Nordeste, esse número chegou a 96.

Ainda segundo a pesquisa, existem 37.698 domicílios paraibanos sem abastecimento de água, enquanto a coleta de lixo não é adequadamente realizada em 5,9% das moradias. No entanto, a iluminação elétrica é o menor problema dentre os serviços básicos, deixando de ser efetivamente ofertado a apenas 704 domicílios urbanos analisados.

Já na área da saúde, o IBGE revelou que 533 internações hospitalares por doenças relacionadas ao saneamento ambiental inadequado foram registradas na Paraíba para cada grupo de 100 mil habitantes. A principal responsável por essas internações foram as doenças cujos patógenos se encontravam nas fezes e foram transmitidas através da boca, com 87,7%, o que demonstra a intrínseca relação entre a ausência de saneamento básico e a proliferação de doenças.

O presidente da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, seção Paraíba, Edmilson Fonseca, explica a relação existente entre os indicadores. Com experiência de quem atua há 46 anos na área, ele afirma que o saneamento básico é um conjunto de serviços que são indispensáveis à qualidade da saúde humana.

“Abastecimento de água, coleta de lixo, drenagem urbana e esgotamento sanitário são os quatro pilares do saneamento básico. A população da região que não possui bons indicadores nessa área está mais vulnerável a ser acometida por doenças de veiculação hídrica”, afirmou.

Ainda de acordo com o especialista, o baixo investimento em saneamento básico interfere diretamente na ocupação dos leitos hospitalares e até na expectativa de vida das pessoas. “Se não tem saneamento, tem doença. Se tem doença, a chance de morrer é maior. Pesquisas já apontaram que 60% dos leitos brasileiros são ocupados por doenças causadas pela falta de saneamento básico”, acrescentou Fonseca.

“Essa ausência de saneamento é uma realidade no Brasil todo. Apenas 48% das cidades brasileiras têm sistema de esgotamento sanitário. As demais usam fossas ou despejam seus dejetos a céu aberto mesmo. A gente percebe que falta vontade política para resolver esse problema”, observou.

Na Paraíba, os serviços de esgotamento sanitário e
abastecimento de água são de responsabilidade da Companhia de Água e Esgotos da Paraíba (Cagepa). Através da assessoria de imprensa, a Companhia informou que, atualmente, o governo do Estado, em parceria com o Governo Federal, vem investindo R$ 1 bilhão em obras de abastecimento de água e esgotamento sanitário em todas as regiões do Estado.

Ainda de acordo com o setor de comunicação, só em abastecimento de água, estão sendo implantados 738 quilômetros de adutoras, entre obras concluídas ou iniciadas.

Entre as obras iniciadas estão a adutora Translitorânea, na Grande João Pessoa; a adutora São José, na Região Metropolitana de Campina Grande; e a adutora Araçagi-Guarabira, que será inaugurada em março do próximo ano, garantindo segurança hídrica para 87 mil famílias do Brejo paraibano.

Na área de esgotamento sanitário, os investimentos que estão sendo feitos em João Pessoa, por exemplo, farão com que a cidade passe dos atuais 66% de cobertura para 85% até o final de 2014, ficando muito acima da média nacional.

O setor de comunicação ainda destacou que as cidades de Itapororoca e Coremas não são abastecidas pela Cagepa. Elas possuem sistemas geridos pela administração municipal.

Já a Energisa, concessionária de energia elétrica da Paraíba, informou que disponibilizou para os 223 municípios paraibanos a rede de distribuição do serviço. Postes, fios, equipamentos e toda estrutura necessária para garantir a iluminação de vias e imóveis já está presente nas cidades. No entanto, a empresa admitiu que a luz elétrica ainda pode não ter chegado a algumas propriedades rurais, localizadas em áreas mais isoladas. Nesse caso, a Energisa recomenda que o proprietário procure a prefeitura municipal da região e peça que ela elabore um projeto e o encaminhe à Energisa, solicitando a ligação da energia.

ENSINO DE NÍVEL SUPERIOR NA PB

A pesquisa do IBGE ainda revelou que a Paraíba é primeiro lugar do Brasil em número de estudantes de curso superior em universidades e faculdades públicas. O Estado possui 52,6% de estudantes de nível superior em faculdades e universidades públicas, o maior percentual do país, enquanto nas privadas esse percentual é de 47,4%.

A realidade local é absolutamente contrária à identificada em todo o restante do país. No Nordeste, apenas 35,3% de estudantes de ensino superior cursam faculdades públicas, enquanto 64,7% estudam na rede privada. O ensino particular também prevalece nacionalmente. No Brasil, 75,8% dos alunos estão em instituições pagas e outros 24,2% frequentam a rede pública.

Para a coordenadora do curso de Pedagogia da Universidade Federal da Paraíba, Maria do Socorro Nascimento, os números são resultados da ausência de investimentos no setor público pelo governo. Ela cita o exemplo da UFPB, onde os docentes permaneceram em greve por três meses em busca de melhores condições de trabalho.

EXPECTATIVA MÉDIA DE VIDA É DE 71,9 ANOS

Em média, a expectativa de vida na Paraíba é de 71,9 anos, sendo 68,1 anos para os homens e 75,8 anos para as mulheres. A estimativa é a mesma para o Nordeste, segundo a pesquisa. Outro indicador que interfere na longevidade dos paraibanos é a taxa de mortalidade, que caiu em 55,6% na Paraíba ao longo de uma década.

Com a meta de atingir um patamar de 17,9 óbitos por mil nascidos vivos, observou-se no Brasil uma tendência de redução da taxa de mortalidade na infância (até 5 anos), que chegou perto da meta em 2010, com 18,6 óbitos por mil nascidos vivos, bem abaixo de 1990, quando era de 53,7 por mil.

Analisando os dados entre 2002 e 2012, observou-se que na Paraíba a taxa verificada em 2002 (45,5 por mil) era superior à média regional, tendo ficado inferior a esta em 2012 (20,2 por mil), resultando, portanto, numa redução de 55,6% em uma década.

Para a assistente social e secretária de Estado de Desenvolvimento Humano, Aparecida Ramos, o aumento da expectativa de vida se deve à melhoria das políticas públicas.

“As mulheres estão vivendo mais porque estão tendo acesso a bons exames, coisa que até uma década atrás era mais difícil.

Além de informação e serviços de saúde, a população recebe assistência social, como o Bolsa Família. Tudo isso interfere na longevidade”, disse. (Colaborou Nathielle Ferreira)

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Jornal da Paraíba

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