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VIDA URBANA

Alunos encontram dificuldade para aprender a lição

A participação da família é fundamental para que os alunos sejam bem-sucedidos na tarefa de casa.

Publicado em 11/11/2012 às 11:10


Traço firme, olhar atento e na mente todas as fórmulas para concluir a tarefa preferida: as contas de matemática. É assim que durante todas as manhãs, fazendo sozinho o dever de casa, Bruno Lopes, de oito anos, dá os primeiros passos rumo à almejada profissão de policial, mas sempre que tem dúvidas recorre à mãe ou ao pai. Diferente do menino, várias crianças enfrentam sozinhas a obrigação de fazer a tarefa de casa, o que reflete em dificuldades no aprendizado.

Conforme a professora Severina Silva, do 3º ano da Escola Estadual Padre João Félix, localizada na comunidade Porto Capim, em João Pessoa, a maioria dos alunos chega à escola sem a lição feita, ou realizada da forma errada. Da classe formada por 20 alunos, aproximadamente 25% encontra-se com dificuldade no aprendizado, principalmente por não contar com o importante apoio dos pais na hora de concluir a lição de casa.

“Em alguns casos os pais não ajudam por não estarem capacitados ou até mesmo por falta de interesse. Para motivar estes alunos seria necessário uma estrutura familiar mais participativa ou um reforço escolar, mas a maioria destas famílias não possui condições financeiras para arcar com os custos. A escola é o único momento em que estas crianças têm contato com a leitura”, explicou a professora Severina.

A tarefa que deveria ser realizada em casa, muitas vezes é feita na sala de aula. “Alguns alunos são faltosos, não têm interesse pela escola, assim como os pais que são o maior exemplo para estas crianças. Se eles não incentivarem os filhos, o trabalho do professor é prejudicado”, destacou a professora.

O ensino, que deveria ser prioridade, perde espaço, muitas vezes, para a carga de trabalho excessiva que a família exerce.

“Muitos pais não ensinam por falta de tempo mesmo. O professor tem que ter muito amor por estas crianças porque somos além de mestres, psicólogos e assistentes sociais”, frisou Severina Silva.

Bruno segue na contramão desta realidade e para isso conta com o apoio da mãe, que cursou até a 4ª série do Ensino Fundamental. “Ele geralmente faz a lição sozinho e quando precisa eu ajudo. Mas como eu estudei muito pouco, os assuntos que eu não consigo explicar o pai dele, que fez até a 7ª série, ensina”, afirmou Maria do Socorro Meirelles, mãe do menino.

Sentado na porta da casa humilde, a poucos metros do rio Sanhauá, o menino continua a rotina de estudos e não se preocupa com a movimentação que acontece ao redor. “Eu gosto muito de fazer as contas de matemática e quando crescer quero ser policial”, diz ele.

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Jornal da Paraíba

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