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VIDA URBANA

Matemática deixa de ser 'bicho papão'

Resultado do Exame Nacional do Ensino Médio mostra que média de Matemática foi superior à de Linguagens e Códigos. 

Publicado em 15/12/2013 às 6:00 | Atualizado em 11/05/2023 às 15:28

Raiz quadrada, trigonometria, logaritmos. Qual estudante do ensino médio nunca se apavorou ao ver um desses assuntos na prova de Matemática? A disciplina, por muito tempo, foi considerada o 'bicho-papão' nas escolas, mas parece que as coisas estão mudando. Pelo menos é o que sugere o resultado do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) nas escolas da Paraíba.

O exame foi aplicado em 233 unidades educacionais e em 41 delas a média de Matemática foi superior à de Linguagens e Códigos, que abrange o conteúdo de Português, conforme a atual tabela do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

Se por um lado as médias mostram que os estudantes estão mais familiarizados com os cálculos, por outro revelam que eles estão com deficiência na leitura e compreensão de textos e nas lições da Gramática. Na avaliação do professor de Português Chico Viana, o Enem retrata a realidade encontrada nas salas de aulas, onde nem sempre os alunos são cobrados da forma que deveria no que diz respeito à leitura e à prática da Redação.

De acordo com o professor, o Enem precisa ser repensado nesses quesitos. Ele disse que considerava importante a forma do vestibular tradicional, no qual eram indicadas obras para leitura obrigatória.

“O Enem acaba cobrando isso de forma indireta, mas é preciso cobrar mais isso dos estudantes”, frisou. Viana lembrou que para fazer uma boa prova o aluno precisa, primeiro, ter o contato com o texto escrito, seguido da prática da leitura. “As médias revelam essa carência”, afirmou.

Sobre a possível interferência da internet nesse processo, o professor disse que não é correto culpar a grande rede pela deficiência.

“Precisamos lembrar que a internet é um vasto campo de aprendizado, mas o aluno tem que saber usá-la. A internet, inclusive, oferece livros. O que pode acontecer é a perda de tempo com coisas que não contribuem para o aprendizado”, argumentou o professor Chico Viana.

Em suas turmas, Viana costuma cobrar uma ficha de leitura por mês, como forma de habituar os alunos a essa prática. “O fato do Enem não cobrar diretamente obras, não quer dizer que o estudante pode relaxar, não é assim. Quem tem o hábito da leitura certamente terá mais facilidade para compreender os textos”, destacou o professor.

A professora Janaína Cunha, também de Língua Portuguesa, disse que os resultados do Enem mostram uma realidade preocupante.

“No mínimo o nível das notas deveria ser pelo menos equivalente ou até superior a matemática”, opinou. “A linguagem está em todas as outras áreas do conhecimento. O que me entristece é saber que o resultado é o retrato do pouco investimento em leitura”, afirmou.

Janaína criticou a falta de acesso ao cinema, ao teatro, às bibliotecas, etc. “A leitura é um universo muito grande, que está além dos livros tradicionais. Tudo isso vai contribuir para a formação do pensamento crítico do estudante”, frisou. Ela comentou sobre a importância do incentivo dos pais nesse processo de leitura. “Os pais leitores são os melhores exemplos e incentivos”, declarou.

PROFESSORES FESTEJAM RESULTADOS OBTIDOS

Por outro lado, os professores de Matemática comemoram os resultados. Na avaliação do professor Jorge Oliveira, a Matemática antes do Enem tinha uma abordagem quase em sua totalidade teórica, distante da realidade do aluno. Agora, segundo ele, aprender Matemática ficou muito mais divertido. “Antes os alunos não viam utilidade nos conteúdos estudados, porque não usavam no cotidiano. As questões foram mudando desde que o Enem era apenas para avaliar”, afirmou.

Segundo ele, depois que passou a ser classificatório, o ensino da Matemática teve que passar por mudanças significativas, por conta da interdisciplinaridade das questões. “O Enem exige uma visão de contextualização, curiosidade e aplicabilidade no dia a dia, principalmente no que diz respeito à Matemática financeira”, explicou o professor.

Com as alterações, as aulas ficaram mais interessantes, com alunos envolvidos no conteúdo. “A Matemática passou a ser melhor compreendida pelos estudantes. Inclusive, professores mais tradicionais tiveram uma certa dificuldade para estabelecer esse novo padrão”, frisou. “O professor tem que visualizar a Matemática em situações do cotidiano, para saber repassar o conteúdo da melhor forma possível”, argumentou. Os resultados do Enem, portanto, não o impressionaram, pois isso já era esperado.

No entanto, o estudo da Matemática voltado para a realidade tem suas desvantagens, segundo explicou o professor.

“Para quem vai fazer um curso na área de Humanas, não há problema, ma para o aluno que pretende ingressar em um curso na área de Exatas, isso pode ser muito negativo, pois ele estuda a Matemática sem profundidade e chega à universidade com essa deficiência. É diferente de um aluno que terminou o Ensino Médio há dez anos, por exemplo, que aprendeu a Matemática na sua forma tradicional”, declarou.

DISCIPLINA VOLTADA PARA O COTIDIANO

Em uma cidade a mais de 400 quilômetros de distância de João Pessoa, os alunos do Ensino Fundamental aprendem Matemática de um jeito diferente e divertido. O método, idealizado pela professora Jonilda Alves, rendeu medalhas de ouro, prata e bronze para os estudantes da Escola Municipal Cândido de Assis Queiroga, em Paulista. Ao perceber a dificuldade no aprendizado, a professora decidiu ensinar a disciplina com atividades do cotidiano. Os alunos adoraram.

No ano passado, a escola recebeu cinco medalhas de ouro, duas de prata, três de bronze e 12 menções honrosas na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas, que teve 19 milhões de alunos inscritos. Este ano outros alunos da escola repetiram a dose de sucesso. “O método foi criado diante de uma emergência, os alunos repudiavam as aulas de Matemática”, comentou.

A professora começou a pensar em maneiras atrativas de ensinar matemática. Primeiro foram à pizzaria, onde ela fez relação com as frações. Depois foram à feira, onde a professora chegou a levar 35 alunos para fazer compras com um valor pré-determinado. Na cozinha, a missão foi medir os ingredientes para preparar receitas e aprender conceitos de proporção.

“Os alunos forma mostrando interesse e pouco tempo depois as aulas de matemática eram as mais esperadas por eles”, comentou. O método continua sendo aplicado na escola. “Já diz o ditado que em time que está ganhando não se mexe”, finalizou Jonilda.

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Jornal da Paraíba

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