Levantamento mostra bairros mais violentos da Grande João Pessoa

Luzia Santos e Natália Xavier
Do Jornal da Paraíba

Somente nos dois primeiros meses deste ano, 110 pessoas foram vítimas de homicídios na Grande João Pessoa, conforme levantamento realizado pela Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social.

Os dados representam uma média de 55 mortes por mês. Em contrapartida, dados da Secretaria de Estado de Saúde, revelam que no ano passado, foram registrados 572 homicídios na Grande João Pessoa, o que corresponde a uma média de 47 homicídios por mês e já mostra um aumento de 17% no índice mensal de mortes quando comparados os homicídios registrados em janeiro e fevereiro de 2010 com os registrados em 2009.

Apenas em João Pessoa, no ano passado, aconteceram 381 homicídios, dos quais, 274 entre os meses de janeiro e setembro, sendo que mais da metade se concentrou em apenas nove dos 64 bairros da capital.

No mapa da violência, levando em consideração os homicídios registrados no ano passado, o bairro de Mandacaru, na zona norte, encabeça o ranking de locais de homicídios. Somente em 2009, foram 26 assassinatos registrados na localidade até setembro, último mês de coleta de dados. Por terrível coincidência, este foi o mesmo quantitativo de mortes registradas em todo o ano de 2008 na área.

Entre as perdas humanas, segundo o comandante da Polícia Militar da Paraíba, coronel Wilde de Oliveira Monteiro, a maioria teria envolvimento com drogas, enquanto usuário ou mesmo traficante. Contudo, as vítimas da violência em várias ocasiões fogem deste perfil.

No dia 2 de agosto de 2009, a aposentada Rosa Galdino dos Santos, de 67 anos, morreu após ser atingida por uma bala perdida na rua Caramuru no bairro de Mandacaru. Ainda estava claro, quando teve início um tiroteio envolvendo uns jovens que saíam de uma festa promovida por uma associação comunitária. Uma bala perdida atingiu a aposentada na face, que foi amparada nos braços pela sobrinha. “Quando cheguei perto, ela caiu nos meus braços, a expressão dela era de muita dor. Eu não esqueço”, relata Vilma Bandeira, sobrinha da vítima. A aposentada morreu horas depois, no Hospital de Trauma.

A proximidade com a violência obriga os moradores a ficarem alerta. A população muda os hábitos e passa a evitar trafegar em áreas consideradas mais críticas. “Sei que não há lugar seguro para bandido. Eles querem nem que seja um celular para trocar por droga”, declarou Murilo Santos, que há dez anos mora em Mandacaru. Para o morador, uma das áreas consideradas mais críticas fica próximo ao mangue. “Por ali, os traficantes trazem a droga de Cabedelo para vender por toda João Pessoa”, disse.
Segundo ele, o local é perigoso mesmo de dia.

Em novembro, nas proximidades da linha do trem, outro ponto considerado crítico, uma adolescente de apenas 13 anos foi baleada enquanto comprava uma marmita para uma colega que está grávida. “Eu tava no caixa esperando o troco quando começou um tiroteio. Uma bala me atingiu na coxa”, contou. Por sorte, a garota não ficou com sequelas físicas e foi logo liberada pelo médico. Sonhando em seguir a carreira de modelo, ela não queria ficar com marcas na perna. “Seria o fim”, desaba.