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VIDA URBANA

Defesa aponta falha pericial em caso de professor acusado de matar a mulher

Segundo advogado, Carlos não matou a mulher e está preso por conta das falhas. IPC desmente a versão.

Publicado em 06/12/2016 às 14:21

No último dia 20 de julho, o professor de informática Carlos Eduardo Ferreira Filho, de 30 anos, foi preso sob a suspeita de ter assassinado a própria companheira, a também professora Priscylla Vanessa Lins de Mendonça, de 35 anos, dentro da residência do casal, em João Pessoa. Inicialmente, o caso foi tratado como suicídio, mas depois a Polícia Civil disse ter provas que deixariam claro que o fato se tratava de um homicídio e que Carlos seria o autor. Agora, a defesa do professor garante que a prisão foi baseada em falhas periciais e que a morte de Priscylla foi realmente um suicídio. A direção do Instituto de Polícia Científica (IPC) rechaça as colocações do advogado.

A defesa de Carlos Eduardo contratou o perito-legista aposentado Levi Inimá de Miranda para atuar como assistente técnico no caso e fazer uma análise paralela das informações coletadas pela investigação na Paraíba. Inimá é aposentado pela Polícia Civil do Rio de Janeiro e tem inclusive livros sobre criminalística publicados. Em um parecer prévio, que já foi anexado ao processo, o perito aponta “erros grassos” no trabalho do Instituto de Polícia Científica (IPC) da Paraíba.

Segundo o advogado Breno Bastos Ceacaru, entre os erros constatados estão a ausência do exame de corpo de delito do acusado, que teria sido pedido pelo próprio, inclusive, e também do de residuograma, que identificaria se ele teria ou não feito uso de arma de fogo. Ambos deveriam ter sido realizados logo após a prisão do professor. “Foi colocado [pela investigação] como se o réu tivesse manipulado o crime para que parecesse um suicídio. Não teria como uma pessoa ter manipulado uma arma e ter colocado a dois metros e meio do corpo, colocaria na mão dela”, afirmou.

Breno ponderou que a análise feita por Inimá mostrou grave incoerência nos laudos do IPC. No relatório da análise feita ainda no local da morte, a perícia apontou que o tiro entrou pelo lado esquerdo da cabeça de Priscylla e saiu pela direita. No trabalho dos legistas, já na sede do órgão, houve uma inversão da entrada e saída da bala.

Na época da prisão de Carlos Eduardo, a delegada responsável pela investigação, Maria das Dores Coutinho, e os peritos envolvidos no caso foram taxativos: a morte de Priscylla foi um assassinato e Carlos era o culpado. Entre os indícios que comprovariam isso, estaria o fato da mulher não ter queimadura na cabeça, o que descaracterizaria um tiro à queima-roupa. O sangue escorrendo de cima para baixo também sinalizaria para um assassinato e não um suicídio.

O advogado garantiu que nenhum desses dois pontos podem provar que Carlos cometeu o crime. Sobre a ausência de queimadura, ele diz que essa informação não está em nenhum dos laudos da investigação. Com relação ao sangue, Breno explicou que foi efeito da ação do cliente, que mexeu no corpo da mulher na tentativa de salvá-la, fato admitido por ele em depoimento .

Maria das Dores também disse na época que a estimativa do horário da morte de Priscylla não coincidia com o horário que o acusado disse ter pedido socorro. Breno Bastos contesta essa tese. Segundo ele, a ligação para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) aconteceu às 3h40, e a perícia apontou que a morte aconteceu entre 2h e 4h. O celular do acusado foi periciado e a defesa garante que o horário da ligação foi confirmado.

Entre os supostos erros periciais constatados pelo perito Levi Inimá de Miranda também aparecem as ausências de exame para checar a existência de material genético nas unhas de Priscylla e também de fotografias digitais do corpo. “Não quer dizer que houve má-fé da perícia, pode ter ocorrido um grande equívoco”, pontuou Breno Bastos

O advogado disse que anexou o parecer feito por Levi Inimá ao processo contra Carlos Eduardo, que tramita no 1º Tribunal do Júri de João Pessoa, na quinta-feira (1º). O documento foi protocolizado junto com a reposta da defesa à acusação. Breno explicou que está pedindo a liberdade do cliente e também a exumação do corpo de Priscylla.

IPC rebate argumentos da defesa de Carlos

A superintendente do Instituto de Polícia Científica (IPC) da Paraíba, Gabriela Nóbrega, rebateu os argumentos apresentados pela defesa de Carlos Eduardo. Segundo ela, o órgão tem convicção de que todo o trabalho foi feito de forma correta e que os peritos estão dispostos a prestar esclarecimentos à Justiça, caso sejam convocados a isso.

“O assistente técnico é pago para dizer o que o advogado quer. O perito trabalha com base em vestígios, em busca da verdade, não tem lado, não é contratado por nenhuma das partes”, disse Gabriela sobre o trabalho realizado por Levi Inimá de Miranda, contratado pela defesa de Carlos Eduardo.

De acordo com ela, não há dúvidas de que o caso se trate de um assassinato. “A lesão da vítima é definitiva para concluir que não houve suicídio. É incompatível com disparo à queima-roupa. Ela não teria como ter se matado”, disse Gabriela. A superintendente reforçou que os laudos “gritam de vestígios contra o acusado”.

Gabriela desmente o argumento do advogado com relação à estimativa de morte e também afirma que o exame de residuograma, questionado pelo advogado, não é conclusivo. “Não é o exame que vai mostrar a verdade. Ele poderia, por exemplo, ter lavado as mãos”, disse. Ela foi mais além e relatou que o exame não foi feito em Carlos Eduardo, mas em Pryscilla. “Ela era destra e não tinha nenhum sinal [de pólvora] na mão, nem nas roupas. O único resquício encontrado foi na mão esquerda, que ela usou para se defender”, pontuou.

A superintendente disse acreditar que não seja possível a exumação do corpo devido a um tempo em que ocorreu a morte. Ele disse que em casos desse tipo é normal que a Justiça consulte o IPC antes de autorizar ou não que o corpo seja desenterrado para voltar a ser analisado.

Acusado alega inocência

Carlos Eduardo alega inocência desde que foi preso, garantindo que a mulher, com quem se relacionava há 16 anos e estava casado há seis, tinha tirado a própria vida. “Eu acordei com os disparos e fui socorrer. Ela deu o último suspiro no meu braço. Minha vida era ela. Chamei [ o Samu] na hora”, relatou, em entrevista coletiva após a prisão.

O professor de informática está detido preventivamente desde julho no 5º Batalhão de Polícia Militar, no bairro do Valentina Figueiredo, em João Pessoa, por ter curso superior.

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Jornal da Paraíba

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