CULTURA
James Dean é quase um desconhecido 60 anos depois da sua morte
As novas gerações mal conhecem o ator que se tornou mito através de três clássicos do cinema.
Publicado em 30/09/2015 às 9:31
James Dean é o eterno ‘rebelde sem causa’, imortalizado no inconsciente coletivo com sua jaqueta de couro, jeans e coturno. Filho único, ele deixou de fora da estrela da fama o nome do meio, Byron, uma homenagem da sua mãe ao poeta inglês Lord Byron (1788-1824).
Nesta quarta-feira, há exatos 60 anos, Jimmy – como era chamado pelos amigos – morreu prematuramente aos 24 anos num acidente quando estava ao volante de um Porshe recém-comprado.
Porém, será que as novas gerações chegaram a assistir ou saber quem foi o homem e quem é o mito?
Na data de sua morte, os cinemas na terra do Tio Sam ainda estavam passando seu primeiro longa-metragem, Juventude Transviada, de Nicholas Ray (1911-1979). “Contratamos estrelas, não cadáveres”, chegou a ouvir do chefão Jack Warner (1892-1978), quando foi contratado pelo famoso estúdio, em virtude de sua paixão pela velocidade.
Velocidade que não desacelerou com sua morte. Postumamente, Dean recebeu duas indicações ao Oscar de Melhor Ator: em 1956, por Vidas Amargas (a primeira póstuma na história da premiação), de Elia Kazan (1909-2003), e em 1957, por Assim Caminha a Humanidade, George Stevens (1904-1975).
Na sua época, o ator foi vendido como símbolo de rebeldia na contramão do chamado ‘Sonho Americano’, num país com o verniz de vitória após a Segunda Guerra Mundial no governo do presidente Einsenhower (1953-1961).
Tirando a posse de ‘mau moço’, ele gostava de ‘When your lover has gone’, da Billie Holiday (1915-1959), e seu livro de cabeceira era O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint Exupéry (1900-1944).
“Foram três grandes longas por três grande diretores de Hollywood”, aponta o crítico paraibano João Batista de Brito. “Foram também três grandes interpretações, independente da sua morte, mas, com ela, o mito aumentou”.
Entrevistados pelo JORNAL DA PARAÍBA, seis cineastas da nova geração no Estado desconhecem tanto os seus filmes quanto o mito que perdura atualmente. “Quando falamos de James Dean, só penso nele com o figurino de Juventude Transviada”, atesta o realizador Bruno Vinelli, mesmo confessando que ainda não viu nenhum dos seus longas. “(O desconhecimento) deve ser porque boa parte da turma de hoje não valoriza a era clássica do cinema americano. Ficam muito fechados nos filmes contemporâneos”.
Segundo João Batista, a comoção em torno de sua morte foi tão grande na época que Dean se tornou motivo de marchinha de Carnaval no Brasil em 1956, que dizia “até as viuvinhas do artista James Dean vieram incorporadas”. A música intitulada ‘Modelo de verão’ foi composta pelo pernambucano Capiba (1904-1993).
“Até na MPB ele está. Esquecer James Dean é como esquecer Marlon Brando. Não sei como ele pode ser esquecido”, lamenta o crítico de cinema.
Mal comparando, nos tempos globalizados da internet, a comoção da morte de atores como Paul Walker – ocorrida em 2013 também num acidente automobilístico – resultam (ou ajudam) em filmes como Velozes e Furiosos 7 alcançar a 3ª maior bilheteria mundial (sem correção histórica da inflação).
Independente da qualidade fílmica, não se pode prever se essas figuras hollywoodianas resistirão ao tempo, mesmo que seja presente no ‘anonimato coletivo’ dos dias de hoje, como James Dean.
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