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VIDA URBANA

Conflito de terra é o mais antigo do país

Decisão do Supremo Tribunal Federal é um marco histórico, diz advogada.

Publicado em 02/03/2014 às 6:00 | Atualizado em 07/07/2023 às 12:39

Na avaliação de Iranice Gonçalves, advogada e integrante da Comissão Estadual da Verdade, a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) é um marco histórico, não apenas pela questão da desapropriação em si, mas pela história que vem desde a luta de João Pedro Teixeira.

“O que acontece hoje é uma continuidade do que ocorreu em 1962, com a morte de João Pedro. Naquela época já se reivindicavam os direitos trabalhistas, a pobreza era grande e foi iniciada a luta pela reforma agrária na fazenda de Antas”, explicou.

Ela lembrou que os camponeses passaram dias difíceis, dias de escravidão. “Felizmente os camponeses estão cada vez mais conscientes da importância deles na sociedade civil e política do Estado”, frisou Iranice, que acompanhou o conflito, no final dos anos 1990, como advogada do processo. Segundo ela, a ocupação na fazenda Antas é considerada como o conflito de terra mais antigo do país.

O indeferimento do mandado de segurança, por sete votos a favor e quatro contra, significa a vitória dos camponeses. “O processo continua em Recife, mas deve se seguir a recomendação e manter a desapropriação da área”, ponderou Iranice. No ano de 1997, era forte a pressão para que os posseiros deixassem a terra, o que só aconteceu após uma liminar. “Durante todo esse tempo os trabalhadores resistiram”, declarou.

A fazenda Antas inclui as terras que pertenciam ao sítio Antas do Sono, que tinha como proprietário Manoel Justino, pai de Elizabeth Teixeira. Manoel Justino queria que a filha, a todo custo, abandonasse João Pedro e os filhos, pois não se agradava da luta do genro. Elizabeth nunca atendeu esse pedido do pai. Descontente, Manoel Justino vendeu o sítio e o novo proprietário mandou expulsar a família de Pedro Teixeira, que se recusou a deixar o local e travou uma luta judicial.

A religiosa Marlene Burgers, da Comissão Pastoral da Terra (CPT), também comemorou a decisão do STF.

“É um importante acontecimento histórico, pois é o berço da luta de João Pedro Teixeira”, declarou. Ela contou que foi a portadora da notícia para Elizabeth Teixeira. “Elizabeth ficou emocionada e muito feliz, pelo que conheço dela, foi a notícia mais importante que já recebeu”, frisou. Segundo Marlene, no próximo dia 2 de abril será realizada uma caminhada refazendo o trajeto de João Pedro no dia em que ele foi assassinado.

AÇÃO DAS LIGAS CAMPONESAS EM SAPÉ

A casa onde morou João Pedro Teixeira com a mulher Elizabeth e os filhos do casal se transformou no Memorial João Pedro Teixeira, local de visitação, próximo à Fazenda Antas, que fica aberto de segunda a sexta-feira. Cândido Nascimento é um dos responsáveis por contar a história das Ligas Camponesas a quem visita o local. “Também faço parte dessa luta que se arrasta há 60 anos e teve início com João Pedro. Conto essa história com muito orgulho”, declarou.

Segundo Cândido, João Pedro Teixeira participou da criação das Ligas Camponesas no engenho Galiléia, na Zona da Mata de Pernambuco. Depois disso voltou à Paraíba e deu início às Ligas Camponesas em Sapé, após o conflito com o sogro, pai de Elizabeth Teixeira que não aceitava a união da filha com o trabalhador. “O pai de Elizabeth tinha ódio de João Pedro, por conta da bandeira de luta que ele defendia. Ele chegou a propor, por diversas vezes, que Elizabeth abandonasse o marido e os filhos, o que ela nunca aceitou”, afirmou.

De acordo com Cândido Nascimento, João Pedro Teixeira foi a João Pessoa para tratar de assuntos referentes a uma ação de despejo.

“Foi nesse mesmo dia que ele foi assassinado, fizeram uma armadilha para ele e o mataram com tiros nas costas. A partir desse dia Elizabeth prometeu dar continuidade à causa pela qual o marido morreu, ele será sempre lembrado como o grande líder das Ligas Camponesas”, frisou. Sua luta incluía a Reforma Agrária e a justiça no campo, pois muitos trabalhadores eram tratados como escravos. “Não havia respeito para com os trabalhadores, a mão de obra era explorada, e isso muito revoltava João Pedro”, destacou.

Em uma das paredes do Memorial, a foto da família de João Pedro e Elizabeth chama a atenção de quem visita o local. A história do líder é tão difundida que até as crianças da localidade já sabem contá-la e reproduzi-la.

“Foi nessa casa que, por muitas vezes, João Pedro deixou Elizabeth e as crianças para lutar pelos direitos dos trabalhadores. A cada vez que ele saía de casa beijava e abraçava cada um dos filhos, porque sabia que aquela poderia ser a última vez que se viam”, contou Cândido.

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Jornal da Paraíba

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