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CULTURA

Personagem de 'Meu nome não é Johnny' ganha processo contra autor

Walter Luiz Carvalho, que inspirou traficante do livro, ganhará R$ 10 mil. Escritor Guilherme Fiuza diz que usou nome fictício e irá recorrer da decisão

Publicado em 18/01/2011 às 7:07

Do G1

A Justiça do Rio de Janeiro decidiu em segunda instância que o escritor Guilherme Fiuza, autor de "Meu nome não é Johnny", e a editora Record terão que indenizar Walter Luiz Carvalho em R$ 10 mil. Desde 2008, Carvalho move processo por danos morais alegando que o livro faz alusão à sua pessoa sem autorização.

Lançado em 2004, o livro "Meu nome não é Johnny" narra a trajetória de João Guilherme Estrella, jovem da classe média que se tornou um dos maiores traficantes do Rio de Janeiro nos anos 80. No livro, Carvalho é citado sob o nome fictício de Alex - o fornecedor das drogas vendidas por Estrella, que era deficiente físico.

Fiuza afirma que pretende recorrer da decisão da Justiça, que em 2009 lhe havia sido favorável. "Nunca neguei que o personagem foi inspirado nele [Carvalho]. Mas quem trouxe à luz essa informação foi o próprio Walter, na época do lançamento do filme", diz o escritor, se referindo ao longa-metragem homônimo dirigido por Mauro Lima.

No filme lançado em 2008, o personagem Alex é interpretado pelo ator André Di Biasi, e Estrella por Selton Mello.

Fiuza diz que tentou entrevistar Carvalho quando ainda estava escrevendo o livro. "Ele cumpria pena em um presídio e o acesso era muito difícil. Como as notícias sobre sua detenção foram amplamente divulgadas pela imprensa, me baseei nos jornais para descrever o personagem", explica o escritor. "Também conversei com pessoas que conviveram bastante com o Carvalho. E ainda assim optei por não mencionar sua verdadeira identidade no livro. Quem atraiu publicidade para si foi o próprio Carvalho ao cometer um delito que virou notícia de interesse público."

Para o relator do processo, o desembargador Camilo Ribeiro Rulière, a alteração do nome não impediu a ofensa à privacidade do autor da ação."Não obstante o interesse social e a referência pedagógica da obra intelectual em foco, a mesma se destinou a exploração comercial e econômica e, ao que parece, só se preocupou com o consentimento do personagem principal, não abrangendo a autorização para mencionar episódios envolvendo outras pessoas cujas vidas foram narradas, mesmo que parcialmente, e identificadas”, destacou o magistrado.

Imagem

Jornal da Paraíba

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