VIDA URBANA
Abuso sexual deixa marcas corporais, emocionais e comportamentais
Psicopedagoga fala sobre como identificar o problema e ajudar crianças e adolescentes que tenham sido vítimas de estupro.
Publicado em 14/03/2016 às 10:29
“A menina contou que começou a tirar notas baixas, ficava sempre triste e, de repente, começou a andar com uma faca dentro da bolsa para cortar os pulsos, porque ela não podia expor aquele sofrimento que estava passando”. A fala da delegada de Repressão aos Crimes contra a Infância e Juventude da capital, Graça Morais, refere-se ao depoimento de uma adolescente de 13 anos, que era abusada pelo padrasto desde os 8 e revelou o caso à família em janeiro deste ano.
As marcas ferem o corpo e também a alma, deixando sequelas emocionais difíceis de serem curadas, esquecidas. Insônia, distúrbios alimentares, insegurança e isolamento social estão entre os sinais de uma criança ou adolescente que sofre violência sexual.
“Quanto menor for a criança, mais ela vai fazendo parte daquilo e, pela ingenuidade natural que é própria dela, nem se dá conta que está sofrendo uma violência. Muitas vezes a criança é ameaçada psicologicamente e essa violência maltrata muito e não deixa a criança em paz. Então, essa criança ou adolescente dá sinais corporais, emocionais, comportamentais, durante brincadeiras, desenhos. Por isso, o que a gente sempre alerta, sobretudo aos familiares, é a atenção a essas mudanças”, explica a psicopedagoga e professora da FPB Janaína Correia.
Para amenizar o sofrimento psíquico são necessários anos de terapia para a vítima e familiares, que também necessitam de auxílio para lidar com a situação e ajudar a criança. Conforme relatado pelas delegadas entrevistadas, conselheiros tutelares e vítimas, na maioria dos casos os apontados pelos abusos são pessoas próximas da convivência da vítima, como pai, padrasto, vizinho ou conhecido da família. Essa característica do agressor, muitas vezes, impede que a criança ou adolescente relate as agressões.
“É algo muito grave e a família precisa de acompanhamento, pois se desestrutura emocionalmente. Os pais e responsáveis por essa criança precisam ter um amparo emocional para saber como lidar com essa situação”, alertou a psicopedagoga.
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