POLÍTICA
Fraude em licitações desviou pouco mais de R$ 200 milhões
Operação do MPPB desarticulou esquema de fraude em licitações nesta quinta (3).
Publicado em 03/04/2014 às 14:20
O Ministério Público da Paraíba (MPPB) e outros órgãos de controle estão investigando 83 prefeituras do estado por suspeitas de participação em um esquema de fraude em licitações que teria desviado mais de R$ 200 milhões em recursos públicos. O esquema foi desarticulado na manhã desta quinta-feira (3) durante a Operação 'Papel Timbrado'.
Inicialmente, mais de 60 mandados foram cumpridos em dez prefeituras, escritórios de contabilidade e 15 empresas de construção, no início da manhã desta quinta-feira (3) Os envolvidos no esquema serão acionados na área cível com ações de improbidade administrativa, como também haverá por parte dos órgãos a denúncia para a abertura de ações penais contra eles.
Segundo o procurador-geral de Justiça, Bertrand Asfora, nessas dez prefeituras havia uma maior concentração de recursos sendo desviados pelo esquema descoberto com a Operação 'Papel Timbrado. A ação foi realizada pelas equipes do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado do Ministério Público da Paraíba (Gaeco/MPPB).
Bertrand Asfora disse que o principal objetivo dessa operação é recuperar os recursos desviados nos municípios. “O que nós apuramos é que elas (empresas de construção) vendiam kits com documentação falsa para poder viabilizar o acesso aos recursos públicos. Através de uma licitação fraudada nós identificamos uma movimentação enorme de dinheiro, mais de R$ 200 milhões", disse.
Conforme o procurador, as investigações vão continuar porque o "grupo atuava também em outros estados da federação, em uma verdadeira organização criminosa fraudando licitações e quando entregavam obras era sem nenhum tipo de qualidade que a legislação exige”, frisou.
A operação 'Papel Timbrado' contou com a parceria com o Ministério Público Federal (MPF), Controladoria Geral da União (CGU), Tribunais de Conta do Estado da Paraíba (TCE-PB) e da União (TCU), pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica e das polícias Civil e Militar.
A investigação sobre o desvio de recursos públicos nas 83 prefeituras paraibanas foi realizada a partir das análises feitas por 20 auditores de contas públicas que encontraram inconsistências nas informações. O presidente do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba, conselheiro Fábio Nogueira, destacou que o órgão disponibilizou ao Gaeco/MPPB todas as informações que dispunha.
Como funcionava
O esquema ocorria com o envolvimento de uma organização com mais de 53 empresas do ramo da construção, sendo a maioria fantasma que ofereciam kits de licitação, que garantiam toda a documentação para fraudar os processos licitatórios e desviar os recursos envolvidos. Esses kits garantiam papéis timbrados de construtoras, certidões negativas, contratos sociais, documentos de sócios e propostas de preços. Toda a documentação necessária para participar da concorrência em licitações, segundo o Gaeco/MPPB, era comercializada com o intuito de fraudar licitações e contratos em municípios paraibanos.
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