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VIDA URBANA

Homens são mais católicos que as mulheres, diz FGV

Pesquisa aponta que homens são mais católicos (68,92%) que as mulheres (67,96%)

Publicado em 18/09/2011 às 11:01

Valéria Sinésio

O professor Elton Pinheiro, 25 anos, tem uma rotina bem agitada. Além das aulas de Língua Portuguesa que ministra em escolas de Cabedelo, ele faz mestrado em Comunicação Social e ainda precisa reservar tempo para a família e os amigos. Teria, se quisesse, desculpas de sobra para não ir à igreja. Mas não é isso o que acontece. Todos os sábados, fielmente, Elton está na missa, na Paróquia do Sagrado Coração de Jesus, na cidade portuária.

Elton exemplifica bem os dados da pesquisa 'Mapa das Religiões', publicada no mês passado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), que revela aumento no número de homens que se dizem religiosos.

Aumentou também a frequência masculina nas igrejas. Apesar disso, no Brasil, as mulheres continuam sendo mais religiosas que os homens; apesar deles serem mais católicos: 68,92% de homens contra 67,96% de mulheres. A Paraíba segue essa tendência.

O professor Elton começou a frequentar a igreja ainda criança, acompanhando os pais. Ou seja, não tinha opção. Foi batizado, fez Primeira Comunhão e recebeu o sacramento da Crisma. O interesse em se engajar nos encontros da igreja partiu dele mesmo, apesar do incentivo natural que recebeu dos pais, também católicos. “À medida que fui crescendo, fui participando ativamente da Igreja Católica”, declarou.

Há 7 anos coordena o Encontro de Jovens com Cristo (EJC), participa da equipe de liturgia e é animador de Crisma. “Acho que é uma forma de agradecer a Deus. É importante ser um sinal para os outros jovens, através das palavras”, afirmou. O professor disse também que de vez em quando ouve críticas sobre seu compromisso com a igreja, mas prefere não dá atenção.

“Geralmente quem critica é quem ainda não despertou para o amor de Deus e desconhece a riqueza de participar da igreja”, disse.

Também aos 25 anos, o estudante universitário Herberth Acioli divide o tempo entre a faculdade, o estágio e a igreja. Todos os domingos, às 7h, está na missa. Nas quintas e sextas também.
Assim como Elton, Acioli começou a frequentar a igreja ainda criança. Desde então, foi se envolvendo mais e mais na igreja.

Atualmente, coordena o grupo de jovens e ajuda na preparação das missas dos domingos. “Às vezes as pessoas não entendem, mas alguém precisa se sacrificar para preparar a missa. Não vejo isso como um problema, ao contrário, para mim é um prazer servir a Deus”, contou.


Igreja: renovação com a presença masculina

O professor de História das Religiões da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) Carlos André Cavalcanti explicou que o fato dos homens serem mais católicos que as mulheres, segundo o estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), tem relação com a redução da presença masculina na igreja no passado. “A religiosidade voltada para os homens não é uma exclusividade do Brasil”, afirmou.

Segundo o professor, a Igreja Católica tentou se renovar atraindo os homens.

E assim, a ideia secular de que a figura feminina é predominante em missas e procissões sofreu enfraquecimento. “Não existe mais a presença que teve anos atrás”, declarou Cavalcanti, lembrando da forte impressão que se tem de que a imagem da mulher está mais ligada à religião que a do homem. O conservadorismo da Igreja Católica pode explicar o afastamento das mulheres mais modernizadas. “A posição da Igreja em relação ao aborto e ao anticoncepcional são exemplos disso”, disse o professor.

Ele destacou ainda que a Igreja Católica aderiu menos à teoria da prosperidade, que seria a grande novidade do Cristianismo. “Daí se destaca o reconhecimento do sucesso, da carreira, da ascensão social como parte da vontade de Deus em sua vida”, afirmou. Esse fator seria o responsável pela diminuição da presença católica em todos os segmentos.

A retomada dos homens pela fé também pode ser observada nas igrejas evangélicas. O reflexo disso é a disputa pelos públicos entre as igrejas católicas e evangélicas. Segundo o professor, as ações realizadas pelo catolicismo são sempre acompanhadas pelos evangélicos. “Essa reação acontece há mais de 100 anos e é tida como natural”, explicou. “Quando observamos esse comportamento no processo histórico, chega a ser desconcertante”, acrescentou Cavalcanti.

O surgimento de grupos voltados para os homens nas igrejas evangélicas, de acordo com o professor, faz parte da busca pelo crescimento da doutrina. “Esse crescimento é muito difícil e penoso”, declarou. E não é só pela presença da Igreja Católica, como também pelo hibridismo religioso. “Para vencer, clonam todas as ações estratégicas que os católicos fazem”, frisou.


Terço dos Homens reúne mais de mil fiéis

O aumento da presença masculina nas igrejas tem sido observada também pelo arcebispo da Paraíba, dom Aldo Pagotto. “O aumento é significativo e qualitativo”, disse. Segundo ele, o surgimento do grupo Terço dos Homens, na Igreja de Santa Júlia, é um dos fatores que pode explicar esse crescimento. “É uma experiência que vem atraindo pessoas de todas as classes da sociedade. São homens interessados em se comprometer com Jesus Cristo”, disse.
Ele lembrou que o número de participantes vem se alterando com o passar dos anos. O Terço dos Homens foi criado há sete anos; a primeira reunião contou com 70 participantes. Atualmente, o encontro reúne mais de mil homens semanalmente. Outras igrejas levaram para suas comunidades o Terço dos Homens, e o resultado é semelhante ao que acontece na Santa Júlia, conforme informou dom Aldo.

Sobre o Terço dos Homens, o arcebispo disse que não sabe explicar o real motivo de tanto sucesso. “Eles buscam um atrativo invisível, acredito que é a presença feminina de Maria que chama tanto a atenção”, declarou Pagotto. Ele disse ainda que Maria passa a ideia de acolhimento e ternura, algo que pode estar sendo buscado pelo público masculino no campo religioso.

O surgimento de novas comunidades – como a Shalom e a Doce Mãe de Deus – também contribui para atrair os homens, sobretudo os mais jovens. “As comunidades novas reúnem os leigos e realizam a formação básica de um modo tão agradável, tão atraente e popular, que as palavras se tornam o grande segredo”, afirmou. “Os homens têm se sentido muito bem acolhidos pela igreja”, completou o arcebispo.

De acordo com o coordenador do grupo, Alberto Dias, o Terço dos Homens chega a reunir quase 1.400 participantes em dias especiais. A dinâmica consiste em ler a Bíblia e rezar o terço. Os homens se reúnem todas as quartas-feiras, não importa se é feriado, se tem jogo etc.

Imagem

Jornal da Paraíba

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